
Em reunião na sede do SindSaúde ABC, sindicato que representa trabalhadores do segmento, na tarde desta quarta-feira (8/2), a Medical Health reconheceu que os valores dos passivos trabalhistas a cerca de 220 funcionários, demitidos entre o fim de 2022 e janeiro deste ano, podem alcançar R$ 1,5 milhão, segundo a própria entidade sindical. Sem previsão de cumprir com as suas obrigações legais, a empresa de assistência médica sofre com quadro de funcionários reduzido e recorre a investidores a fim de honrá-las.
Após encontro com representantes do departamento jurídico da prestadora de serviços, o presidente da entidade sindical, Almir Rogério da Silva, o Mizito, admitiu que não há previsão para que sejam honradas as rescisões trabalhistas e a totalidade dos depósitos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Neste momento, sequer há na corporação, ao menos publicamente, números exatos passados ao sindicato sobre a quantidade de demitidos e quantos receberam os seus direitos.
“Nós pedimos um valor aproximado desse passivo trabalhista e a empresa nos informou que é cerca de R$ 1,5 milhão. Eles (Medical Health) alegam para gente que estão buscando investidores para sanar esses problemas. São em torno de 220 trabalhadores demitidos e mais 50 pediram demissão, mas já solicitamos o número exato e espero que enviem essa documentação”, disse o presidente do sindicato.
A crise financeira da Medical Health se acentuou por meio da inadimplência de clientes e após os encerramentos contratuais com as prefeituras de Mauá e São Caetano no fornecimento de serviços de plano de saúde aos servidores públicos. Conforme publicado pelo RD anteriormente, os atendimentos prestados pela terceirizada eram alvos de reclamações do funcionalismo. Sem planejamento financeiro prévio, não havia mais condições de manter o então quadro de colaboradores.
Para amenizar a crise e a falta da quitação dos direitos trabalhistas aos trabalhadores desligados, sindicato e empresa acertaram a liberação das guias do seguro-desemprego e dos valores até então depositados de FGTS. Entretanto, Mizito se queixa da orientação dada da diretoria da Medical Health aos funcionários, informando que a entidade representativa da classe era o Sindicato dos Securitários do Estado de São Paulo, informação equivocada, de acordo com o sindicalista.
Diante desse desencontro de informações, a própria Medical Health reconheceu ao SindSaúde ABC que 200 ex-colaboradores já ingressaram com ações individuais na Justiça. Outro quadro preocupante é a informação passada na reunião junto ao sindicato que a corporação conta hoje com apenas 71 empregados na região.
Outro ponto abordado na reunião foi a denúncia de assédio moral a funcionários da Medical Health. Em entrevista ao RDtv, Mizito afirmou relatos de ameaças cometidas pelo setor de recursos humanos da empresa, tema abordado na reunião. “Conversamos sobre isso. O que a empresa alegou que deu a orientação de que não haveria condições de efetuar o pagamento. Mas por parte deles, disseram que não cometeram isso (assédio moral)”, pontuou.
Na manhã desta quinta-feira (9/2), o SindSaúde ABC se reunirá com os ex-funcionários da Medical Health para informar o quadro aos ex-trabalhadores e o cenário passado pela empresa. A entidade representa profissionais ligados à área da Saúde, como recepcionistas, técnico e auxiliar de enfermagem, higienização, portaria. No entanto, médicos, enfermeiros e técnicos de radiologia não estão no quadro sindicato.