O valor da cesta básica no ABC ficou ainda mais baixo em fevereiro, seguido de índices menores em dois meses consecutivos. O engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá de Benedeto, diz que, ao analisar os 34 produtos que compõem o consumo estipulado de uma família com dois adultos e duas crianças durante 30 dias, foi possível notar redução de 3,86% no preço da cesta, equivalente a R$ 44,39 em relação ao mês anterior (R$ 1.148,74 para R$ 1.104,35).

O agrônomo esclarece que as principais quedas de preço foram registradas no quilo da batata, da cebola e do tomate, situação anormal nesta época de fortes chuvas. “Produtos como o tomate e a batata costumam sofrer muito com este clima chuvoso, mas acredito que seja um reflexo dos altos preços nos meses anteriores”, explica. No cenário em que os produtos perecíveis atingem valores mais altos e o consumidor não tem mais condição de comprá-los, o agrônomo explica que também há recuo no preço, em razão da baixa demanda.
Mudanças repentinas no clima também podem causar sérios prejuízos na produção de hortaliças. “Neste mês, por exemplo, foi possível notar este impacto das fortes chuvas nas hortaliças, com a alta de 12,02% no preço da alface. Além disso, trata-se de um produto muito procurado no calor, por ser mais refrescante, o que consequentemente aumenta a demanda e o preço do produto nos mercados”, diz.
Vezzá destaca, ainda, que produtos mais básicos e importantes no dia-a-dia dos brasileiros, a exemplo do feijão, leite, pão e carne de primeira não registraram grandes variações nos preços, o que anima o consumidor. “Me surpreende muito o fato do preço da carne de primeira estar estável e a de segunda ter tido recuo, isso porque a busca pela de segunda está cada vez maior com os problemas financeiros de grande parte da população”, diz o engenheiro ao frisar que nas próximas semanas o preço da carne de segunda também deve baixar, em média de 3%.
A pesquisa é feita em grandes redes de supermercados da região como a Coop – Cooperativa de Consumo, o Carrefour, Sonda, Nagumo, Joanin e Extra. Atacados e atacarejos não estão inclusos da pesquisa do Craisa.
Impostos
O Governo Federal anunciou nova mudança nos impostos cobrados sob combustíveis e, Vezzá acredita que a questão também pode impactar no valor do alimentos, assim como ocorreu em 2022. “O custo do transporte é de extrema importância dentro da composição do preço de frutas, verduras e legumes. Por isso, achamos que a produção desses alimentos deve ser muito próximo do grande centro consumidor, para que o transporte não influencie tanto nos valores”, afirma.