
Ter hábitos sedentários se tornou comum na sociedade, assim como consequências os problemas de saúde. Segundo especialistas em educação física e cardiologia, a falta de atividades físicas traz problemas ao coração, diabetes, sistema muscular e aumento de chance para o débito cognitivo. Tal situação possivelmente se agravou como mais uma das diversas heranças deixadas pela pandemia da covid-19.
Segundo o professor formado em Educação Física e que realiza mestrado em Neurociência e Cognição, Flavio Herrmann, da UFABC (Universidade Federal do ABC), o sedentarismo pode resultar em problemas no músculo esquelético. Entre os diversos efeitos, estão artrose, hérnia de disco, tendinites de forma geral, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, aumento da chance de déficit cognitivo.
Para Herrmann, o isolamento causado pelo surto do coronavírus podem potencializar as adversidades à saúde. “O afastamento social levou ao aumento do sedentarismo, seja pelo medo do contato e contágio pelo vírus ou pela falta de ímpeto em manter um ritmo de atividade física regular dentro de casa. As atividades mais simples, como caminhar no mercado, feira-livre, shopping e parques foram deixadas de lado”, cita.
O alerta do docente segue de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a falta de atividade física pode levar cerca de 500 milhões de pessoas em todo o mundo a desenvolverem doenças crônicas, como câncer, diabete ou hipertensão, além de depressão, até 2030. O relatório, publicado na revista científica The Lancet, solicita aos governos urgência em políticas públicas que promovam as práticas de exercício físico perante a população.
Médica da disciplina de Cardiologia do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Carla Lantieri, aponta para riscos do sedentarismo a doenças crônicas, como as cardiovasculares. “O sedentarismo traz várias consequências à saúde do coração, entre elas a presença do sobrepeso, obesidade, os quais podem contribuir para os desenvolvimentos da hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia e alterações emocionais”, explica.
A cardiologista também cita as recomendações da OMS para adultos acima de 18 anos é de pelo menos 150 minutos semanais, enquanto crianças e adolescentes, o conselho é de atividade física pelo menos 300 minutos por semana. “Crianças devem ser estimuladas desde sempre a brincar, colocar o corpo em movimento. Importante lembrar que toda a atividade física vale, subir escadas, caminhar, andar de bicicleta, subir em árvores, jogar amarelinha”, lembra.
Garotas
Para a doutora, as mulheres jovens se mostram mais sedentárias que homens da mesma faixa etária. Outra citação é a pesquisa realizada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), na qual diz que mais de 43,4% dos adolescentes não praticaram atividade física por 60 minutos em nenhum dia da semana durante a pandemia, sendo que antes da crise sanitária da dovid-19, os indicadores eram de 20,9%.
Outro ponto de discussão é o controle de hábitos com uso da tecnologia, como computadores, celulares, tablets, videogame e outros aparelhos e até ao trabalho home office. Mesmo assim, é possível atrelar instrumentos eletrônicos a uma vida mais saudável.
“As tecnologias também proporcionaram a opção de iniciar e manter uma prática física à distância, seja por meio de aplicativos, aulas assíncronas (gravadas) ou síncronas. Desta forma, as tecnologias são ferramentas interessantes e foram fundamentais nesse período mais grave de pandemia, para a manutenção ou início de atividades físicas e exercícios físicos, pelo menos, aos que se propuseram fazer”, lembra Herrmann.