
Nesta quarta-feira (05/04) as prefeituras de Diadema e São Paulo vão se reunir com a Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia) para definir como farão o trabalho de desassoreamento do Grota Funda, um braço da represa Billings na divisa entre os dois municípios e que se encontra quase completamente comprometido em sua capacidade de armazenamento de água. A reunião também vai discutir a construção de um ancoradouro flutuante que tem como objetivo estimular os esportes náuticos e o turismo naquela região.
O trabalho de desassoreamento do braço Grota Funda pode se tornar um modelo para a limpeza e melhoria das condições de toda a represa que tem 150 quilômetros quadrados de espelho d´água. Segundo o advogado especializado em meio ambiente e diretor jurídico do MDV (Movimento em Defesa da Vida do ABC), Virgílio Alcides de Farias, essa pode ser a primeira obra que segue a linha de recuperação da represa, desde a promulgação da Lei Específica da Billings em 2009. Esse encontro entre as três partes ligadas à Billings é fruto do trabalho da Frente Ambiental Viva Billings, que reúne representantes das duas prefeituras, da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), entidades representativas do comércio, indústria e a sociedade civil.
O projeto piloto da frente espera ser um case de sucesso e modelo para outros projetos de recuperação do manancial. “As duas prefeituras vão apresentar o plano de desassoreamento e de recuperação, porque o braço Grota Funda fica na divisa entre as duas cidades. Diadema, por exemplo, tem o plano de fazer um parque linear, e nós não somos contra, mas não se deve construir mais onde antes era o leito da represa. A UBS de Eldorado e o Parque Ecológico, foram construídos em uma área que era coberta de água, não se pode continuar fazendo isso senão, daqui uns anos Diadema não terá mais margem da represa, porque o assoreamento está empurrando a água para frente. A recuperação dessa parte da represa pode ser o primeiro projeto de recuperação dela desde a lei específica, que prevê a proteção e recuperação do reservatório”, diz Farias.
O advogado do MDV diz que o ancoradouro flutuante, vai trazer de volta à Billings, atividades náuticas de lazer e esporte, que já foram a grande atração do lugar nos anos 50 e 60. A proposta está baseada no ancoradouro flutuante e também de uma escola municipal de vela, na margem de Diadema. Se as tratativas derem certo a proposta é entregar a obra no dia 27 de março de 2025 data do 100° aniversário da Billings. A proposta foi entregue na última semana ao vice-governador, Felício Ramuth (PSD).
A ambientalista e bióloga da USCS Marta Marcondes, está esperançosa de que a reunião desta quarta-feira (05/04) seja positiva. “A expectativa é que as prefeituras trabalhem no projeto de desassoreamento do braço da represa e que se viabilize o uso para o lazer e esportes náuticos. Me dá a impressão de que as duas estão imbuídas nesse processo. Do lado de Diadema esperamos poder ajustar o projeto do Parque Linear. Nada disso, no entanto, acontece sem o apoio político e estamos na fase desse convencimento”, diz a professora.
O convencimento da Emae é também outro ponto importante, porque é ela que detém o domínio da área da represa. Na lista das empresas públicas a serem privatizadas pelo governo estadual, surge a preocupação se os técnicos vão encampar a proposta. “A gente espera que eles também sejam sensíveis à proposta porque o interesse da Emae é a geração de energia que é feita com a água, portanto quanto melhor o volume e a quantidade de água maior será a geração. Além disso temos o apoio das prefeituras, de políticos das duas cidades, de deputados estaduais, ou seja, eu tenho muita esperança na força dos movimentos sociais como o que está acontecendo com a Frente Ambiental Viva Billings”, completa a ambientalista.