
Em 2023, o Centro de Especialidades Médicas Referência em Infectologia (CMEI), de Santo André, celebra 31 anos na oferta de insumos, prevenção e tratamento de pacientes com IST/AIDS. O resultado é de melhores indicadores de assistência, carga viral que não transmite e de menores tempos entre admissão e início de tratamento em relação ao Estado de São Paulo. A perspectiva é de aumento de testagens e diagnósticos, já que a pandemia da covid-19 impactou no número de testados nos últimos anos.
Em entrevista ao RD, a gerente do CMEI, Eliane Piassentini, conta que, somente em 2020, cerca de 20 mil pessoas foram atendidas no ambulatório, e o número tem crescido, consideravelmente, com mais pacientes em busca de diagnósticos. “Para se ter ideia, em 2021 chegamos a realizar 28 mil atendimentos, número que saltou ano passado para 31 mil”, relata ao frisar que a meta é aumentar, ainda mais, o volume de consultas e diagnósticos.
Ao realizar o diagnóstico e tratamento precoce, o paciente com algum tipo de IST (infecção sexualmente transmissível) obtém a cura, ou controle, enquanto no caso da AIDS/HIV, é interrompida a cadeia de transmissão e propagação do vírus, a fim de promover uma melhor qualidade de vida ao indivíduo.
Diagnósticos
Em comparação com o Estado de São Paulo, a proporção de diagnósticos tardio/doença avançada em Santo André piorou nos últimos anos, justificado pela pandemia da covid-19. A cidade chegou a registrar 17% dos pacientes diagnosticados tardiamente, mas nos últimos dois anos, o valor subiu para a média de 33% e 34% da população geral diagnosticada (entre homens e mulheres), enquanto o Estado registrou um índice médio muito menor: 23% e 24%, respectivamente. Os números mostram que se faz necessário ampliar a testagem para que menos pessoas sejam diagnosticadas com doença grave/avançada e, assim, não transmitam mais até o diagnóstico.
“Alguns pacientes já vêm com diagnóstico, enquanto outros fazem no CMEI”, comenta a gerente. Na maioria dos casos, o protocolo interno seguido é o Same Day, que é quando o paciente é admitido na unidade, faz a coleta de exames, passa em consulta médica e inicia o uso de antirretrovirais no mesmo dia, diminuindo a cadeia de transmissão. “A partir desse momento já é acompanhado por um infectologista de referência e receberá a assistência da equipe multidisciplinar”, explica.
A assistência para esse público ocorre por encaminhamento para a rede, Ostra (ONG que distribui cestas básicas para PVHIV), Assistência Social (Centro POP), Consultório de Rua, além de parceria com instituições de longa permanência.
Diagnósticos de HIV
Em 2020, também houve o diagnóstico de 187 pessoas com HIV em Santo André, enquanto no ano seguinte foram registrados 170 casos, e em 2022 mais 118. Para 2023, a perspectiva do CMEI é aumentar o número de testagens, aumentar e garantir o acesso e adesão das populações mais vulneráveis ao serviço e também a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV).
“A Prep (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) tem favorecido o acesso ao público que busca pelo método preventivo, um diferencial do SUS e quem atraído cada vez mais jovens e adultos que buscam orientações e formas de prevenção”, diz Graziele Masseiro Gonçalves, diretora da AE (Atenção Especializada).
O objetivo agora é continuar em busca de inovações que tragam benefícios às PVHIV, acompanhar as tecnologias desenvolvidas para alcançar a meta de controle da epidemia de AIDS e zerar a transmissão vertical. “Vamos continuar no fortalecimento da adesão e vinculação de pacientes diagnosticados, assim como identificar mais as vulnerabilidades e buscar manter os pacientes com carga viral indetectável (quando não transmitem) diminuindo cada vez mais os abandonos de tratamento”, salienta.
Referência
Para além de parâmetro na rede municipal e regional, o ambulatório tornou-se referência a nível nacional e internacional ao participar como instituição colaboradora de projetos de pesquisa financiados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), com publicações científicas internacionais sob responsabilidade da professora e infectologista Elaine Matsuda, que recentemente deixou o ambulatório após 25 anos de trabalho.
Quem precisar buscar os serviços do ambulatório, pode ligar para o telefone (11) 4422-4806, ou ir diretamente no endereço: rua Paulo Novais, 501 – vila Vitoria, Santo André.