ABC - quarta-feira , 23 de abril de 2025

EUA e Europa correm para retirar cidadãos do Sudão, em meio à piora no conflito

Nações ocidentais tentam retirar diplomatas e cidadãos de Cartum, enquanto batalhas entre as facções rivais que disputam o poder no Sudão se alastraram para o centro da capital sudanesa e a cidade vizinha, Omdurman. O país vinha sendo governado por militares que derrubaram o poder civil em 2021.

Três tentativas de cessar-fogo falharam e o número de mortos já passou de 420, entre eles 264 civis. Há mais de 3.700 feridos, segundo ONGs locais e internacionais.

Newsletter RD

Neste domingo, 23, o Reino Unido retirou sua equipe diplomática de Cartum, em uma operação complexa que envolveu mais de 1.200 militares. Os EUA também retiraram diplomatas, funcionários da embaixada e suas famílias de Cartum na noite de sábado. Foram enviados helicópteros Chinook com forças especiais para remover ao menos 70 americanos para um local não revelado na Etiópia. O Ministério das Relações Exteriores da França disse no domingo que uma “operação de retirada rápida” havia começado e cidadãos europeus e de “países parceiros” também seriam ajudados, sem dar mais detalhes.

Um grande entrave a essas operações é a luta pelo aeroporto de Cartum, que sofreu danos significativos desde o início do conflito, há nove dias. No domingo, os serviços de internet e telefone falharam em grande parte do país. Remédios, combustível e alimentos eram escassos em Cartum. Uma combinação de combates e saques tornava perigoso sair de casa em busca de provisões. Uma nova trégua, que deveria coincidir com o feriado muçulmano de três dias de Eid al-Fitr, falhou no sábado. Civis em fuga são barrados na fronteira do Sudão e impedidos de escapar pelos dois lados envolvidos no conflito.

Conflito

A disputa ocorre entre os generais Abdel-Fattah Burhan, que controla o Exército, e Mohammed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, líder do poderoso grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR). Desde outubro de 2021, quando os militares tomaram o poder, o país é governado pelos dois, que se aliaram para derrubar o governo civil.

Nos últimos meses, as rusgas entre eles se tornaram públicas e ambos começaram a destacar silenciosamente tropas e equipamentos para bases militares ao redor do país. Os EUA e outras nações tentaram em vão persuadir os dois generais a transferir o poder a um governo liderado por civis.

Terceiro maior país de África em extensão (1,8 milhão de km22) – e um dos mais pobres do mundo – o Sudão fica em um estratégico ponto no nordeste da África. O país de 48 milhões de habitantes se tornou um importante ator de disputa na disputa por influência na região entre a Rússia e as potências ocidentais.

O grupo paramilitar mercenário russo Wagner já enviou tropas para o Sudão, além de comandar uma importância concessão de exploração de minas de ouro. Os mercenários russos apoiam hoje as forças paramilitares. O Sudão ainda foi alvo de pressão do Kremlin para que os navios de guerra russos pudessem atracar nos portos da costa do Mar Vermelho.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes