O Governo Federal aproveitou as celebrações do Dia da Indústria (25 de maio) para anunciar o novo pacote de incentivos fiscais voltados para a venda de carros populares. Montadoras terão descontos entre 1,5% e 10,96% para veículos de entrada. O objetivo é reduzir os preços para abaixo da casa dos R$ 60 mil. Ao RDtv nesta quinta-feira, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Aroaldo Silva, considerou positiva a medida e vê como um passo para potencializar toda a cadeia econômica, principalmente das áreas mais industrializadas.

Para Aroaldo, a medida “é de extrema importância, porque sabemos que nos últimos anos a renda do trabalhador caiu, os carros encareceram. Temos um problema muito grande hoje, e está sendo debatido na sociedade, a questão da taxa de juros que impede o acesso das pessoas não só de comprar carro, mas de financiar muitas outras coisas”.
Apesar das críticas sobre os juros altos, o que ainda segue sendo feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Aroaldo Silva considera que a forma em que foi colocado o incentivo pode dar um passo importante para a retomada da produção e na consciência de investimentos em veículos que conversem de forma direta com a sustentabilidade.
Segundo a União, os descontos serão maiores em veículos mais baratos, com motores que emitam menos gases poluentes e que tenham mais peças fabricadas no Brasil, o que é visto como uma forma de incluir o setor de autopeças e de ferramentaria dentro destes incentivos. Além disso, haverá uma Taxa Referencial (TR) para o incentivo a pesquisa e a inovação, e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social) anunciou R$ 4 bilhões para financiamento com os mesmos incentivos.

Silva aponta que a medida anunciada no Dia da Indústria conseguirá casar com a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados (agora seguirá para o Senado) e também da futura proposta da reforma tributária. Neste último caso, o líder da Agência considera essencial criar um modelo que possa evitar a perda de arrecadação de estados e municípios, assim não criando um efeito dominó negativo em áreas como Educação e Saúde.
Aroaldo Silva também celebrou a retomada efetiva do debate nacional sobre o futuro da indústria e considera que o assunto deve ser aprofundado como um plano permanente, assim como ocorre no agronegócio.
“Independente da medida efetiva, o Governo dá o foco, dialogar sobre o processo de industrialização no Brasil. O primeiro marco foi a retomada do Ministério do (Desenvolvimento) Indústria (Comércio e Serviços. A retomada do debate da política industrial mostrando que a indústria é o setor econômico que mais tem retorno na economia brasileira. É um setor muito grande que cria muito emprego, porque a cadeia é longa e reflete nos outros setores econômicos”, salientou.