
Os casos de furto, o crime em que objetos são subtraídos na ausência ou sem a percepção da vítima, estão em alta no ABC. Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (26/05) pela Secretaria de Segurança Pública, somente em São Bernardo houve queda nesse tipo de crime, nas demais os números aumentaram se comparada a média mensal do ano passado com a média do primeiro quadrimestre deste ano. Os autores de furtos estão inovando, em Diadema, comerciantes do Centro da cidade estão se queixando de que os aparelhos de ar condicionado, cujo maquinário fica do lado de fora, em cima de lajes ou marquises, estão sendo levados inteiros ou em partes por criminosos durante a noite.
De acordo com os números da SSP a maior variação no percentual de furtos foi registrado em Santo André, onde a media mensal deste tipo de delito ficou em 815,5 casos, considerando os números de janeiro a abril deste ano. A média de 2022 era de 777,75. O mês deste ano com maior número de furtos na cidade foi março, quando o município teve 983 registros de furto.
Mauá, que em 2022 teve média de 253,8 casos por mês, já está com média de 282,7 casos mensais no primeiro quadrimestre deste ano. Março também foi o mês com maior número de registros neste ano, 318 furtos.
Ribeirão Pires também teve aumento no número médio mensal de furtos, de 54 no ano passado para 56,5 neste ano. Rio Grande da Serra também teve alta, de 20 casos, correspondendo a média mensal de 2022 para 21,75 de média neste ano. São Caetano também teve uma sensível alta de caos passando de 149 – média mensal de 2022 – para 150,5.
Somente São Bernardo teve queda nos casos de furto se comparada a média mensal de 2022 com a média deste ano. Em 2022 a média dos 12 meses ficou em 712,83 casos mensais. Neste ano a média do quadrimestre ficou em 625,75.
Modalidade
Em Diadema, segundo a SSP, também houve aumento do número de furtos se comparada a média mensal deste quadrimestre com a média do ano passado. Em 2022 foram 3.675 ocorrências de furto, uma média de 306,25 casos por mês. Já neste ano a média mensal saltou para 313. Da mesma forma que nas outras cidades, março foi o mês com maior número de casos registrados neste ano até agora, foram 354 ocorrências.
Os bandidos se aproveitam das ruas com pouco movimento e agem sem qualquer receio mesmo na principal via de Diadema, a avenida Antonio Piranga, onde fica o centro comercial, a igreja Matriz, a Câmara Municipal, o Quarteirão da Saúde, praças e o corredor de ônibus. São arrombamentos e até escaladas de prédios atrás de objetos que possam ter algum valor para serem vendidos a receptadores, em geral depósitos de materiais que compram peças metálicas.
A comerciante Ana Paula Ferro, sócia da Tropical Sorvetes, loja que tem 33 anos no Centro de Diadema, não aguenta mais sofrer com os furtos. Os prejuízos ultrapassaram os R$ 15 mil com o furto de partes do ar condicionado, foram cinco furtos de 2021 para cá. Revoltada ela mandou até fazer uma faixa para por na frente do seu estabelecimento com o objetivo de explicar para os clientes a situação e para cobrar providências das autoridades. “Há dois anos tivemos o primeiro furto, arrancaram os dois aparelhos que ficam em um mezanino, jogaram embaixo e os destruíram só para pegarem a tubulação de cobre. Eles não queriam o aparelho todo. Foi um prejuízo de R$ 10 mil. No começo desse ano foram mais três vezes, o que me gerou mais prejuízos porque choveu e entrou água nos compressores e tive que trocar também. Fizemos grades, telas nas grades, para não conseguirem enviar a mão para levar os fios, foram mais R$ 5 mil de janeiro para cá. Da primeira vez eu fiz boletim de ocorrência, em janeiro fiz também, mas nos outros que aconteceram esse ano não fiz, a gente acaba deixando para lá, às vezes parece que a polícia não faz nada”, lamenta a comerciante.
Ana Paula conta que há menos policiamento nas ruas, principalmente à noite. Com receio de pessoas que possam estar estudando o local, ela passou a fechar a loja mais cedo. “No verão eu fechava 21h, mas agora fecho às 19h, porque fica um deserto porque as lojas vão fechando e não tem policial passando. Quase todas as lojas do meu quarteirão já foram roubadas nos últimos meses”, conta.
Em redes sociais pessoas relataram que estabelecimentos comerciais e escritórios tiveram seus aparelhos de ar condicionado destruídos durante a madrugada.
O RD procurou a Secretaria de Segurança Pública para se manifestar sobre a alta de furtos na região e sobre os ataques aos comércios em Diadema, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.