Apesar de um verão menos rigoroso, o número de casos de Dengue autóctones (ou seja, contraídos por pessoas na cidade em que moram) aumentou em Ribeirão Pires, Santo André e São Caetano, o que liga o alerta de especialistas sobre o tema. Em entrevista ao RDtv nesta quinta-feira (01/06), a infectologista Elaine Matsuda falou sobre as causas desde aumento e os cuidados que devem ser feitos por todos.
Segundo números divulgados pelas prefeituras, Santo André viu o número de casos subir no primeiro trimestre de 116 para 191. Porém, o que chama a atenção é o número de casos autóctones que subiu de 60 em 2022 para 132 em 2023. Algo parecido ocorreu em São Caetano, com o mesmo recorte apresentando uma alta de oito para 21 casos no mesmo comparativo. Em Ribeirão Pires este ano foram nove casos contra quatro no ano passado.
Outros municípios apresentaram queda sobre os casos contraídos em seu território. Em São Bernardo a queda foi de 91 para 22 casos e em Mauá de 49 para 25. Diadema divulgou um número com recorte diferente. Em todo o ano de 2022 foram 135 casos autóctones e neste ano foram registrados 26.

Para Elaine, o cenário apresentado é correspondente a queda de ações efetivas e permanentes de conscientização. “Quando veio a pandemia eu dizia para os meus pacientes que aproveitassem o fique em casa para fazer os 10 minutinhos. No passado batemos nas campanhas para que as pessoas tirassem 10 minutos, uma vez por semana, para dar uma geral no seu quintal e na sua varanda para eliminar os criadouros”, iniciou.
“A gente não teve um verão rigoroso, mas também demorou para o frio chegar, então não existe mais aquela estação bem definida (para a proliferação do Aedes Aegypt) e choveu muito nesse ano, então se criou muitos criadouros. É você negligenciar. Não temos visto campanhas falando de dengue. No dia a dia é visto a sujeira na rua. Um copo que é jogado no chão, quando chove, vira um reservatório de água. A água da chuva é limpa e você tem o mosquito se aproveitando disso”, segue a especialista.
A infectologista também aponta que o processo de negacionismo visto nas campanhas de imunização também acaba atingindo as pessoas em relação aos cuidados em casa para não deixar água parada e assim evitar a proliferação da doença. Elaine vê a necessidade de ações das prefeituras para que todos sejam lembrados da responsabilidade e possam ajudar na queda dos números.