
A queda do IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado) nos últimos dois meses estabilizou o mercado de locação no Estado e no ABC não foi diferente. Como o índice de reajuste seria negativo, os aluguéis não tiveram alteração de valor e há pouca movimentação neste segmento imobiliário, soma-se a isso a pouca disponibilidade de imóveis para locação, ou seja, há até alguma procura, mas pouca oferta.
O IGPM de junho ficou em -4,47% ou seja, os aluguéis com vencimento neste mês em tese deveriam variar o valor para menos, mas a prática do mercado é a de aplicação do índice apenas quando este for positivo. Para as duas pontas deste negócio esse índice pode ser interpretado como bom; o inquilino que continua no imóvel, e o proprietário que mantém o imóvel alugado e gerando renda. Mas para quem está no meio das partes, a imobiliária, o índice já não é tão positivo.
“O IGPM variou muito, em 2021 chegou a 30% e teve proprietário que não quis saber de choro e aumentou mesmo, aí o inquilino saiu porque não tinha como arcar com o aluguel mais caro. Agora é diferente, com o índice negativo o aluguel não aumenta e o inquilino fica. Para a imobiliária não é tão bom porque o faturamento cai”, comenta João Rodrigues de Camargo Júnior, proprietário da ACamargo, imobiliária de Mauá com 10 anos de mercado.
Segundo Camargo Júnior os imóveis que mais são negociados para locação são casas e apartamentos com valores de R$ 1,5 mil a R$ 1,6 mil que são aqueles com dois dormitórios e uma vaga de garagem. “As casas têm mais procura em Mauá, mas a oferta é pouca, quando aparece uma tem 15 a 20 pessoas disputando. Mas esses valores são de casas mais antigas em bairro médio, nem periferia, nem bairro nobre”, comenta.
Da mesma opinião é Nilson Ferreira, sócio-proprietário da Guaíra Imóveis empresa que atua há 37 anos no ABC e Zona Sul da Capital. “Esse momento é bom para o inquilino e bom para quem tem o imóvel locado. Como a taxa de juros está alta tem pouco imóvel para alugar pois os investidores preferem colocar o dinheiro em aplicação que dá taxa Selic do que investir em imóvel. Um apartamento de R$ 500 mil vai dar um aluguel de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por mês, na aplicação ele pode tirar 1%, o que já vai dar R$ 5 mil, então essa situação afasta o investidor”, analisa.
Ferreira diz que os apartamentos são os mais negociados no ABC em detrimento das casas e os mais alugados são os de dois dormitórios. “Os apartamentos de dois dormitórios com uma vaga são os que têm maior oferta no ABC, as casas são poucas. Isso ocorre porque as pessoas até querem o conforto de um quintal, mas preferem o apartamento por medo da violência, por isso 70% das locações são de apartamentos”, explica.
O sócio-proprietário da Guaíra, diz que os locadores estão menos exigentes em relação ao que pedem no momento de assinar o contrato. “Eles querem duas coisas; o aluguel e a conservação do imóvel. As garantias também mudaram, o caução de três aluguéis quase não se usa mais porque em caso de ação de despejo, esse valor não dá para quase nada, então é mais fiador e seguro-fiança”, completa o empresário.