Reforçar parcerias e multidisciplinaridade de ações sociais são características necessárias apontadas por especialistas e poder público para o desenvolvimento humano dos andreenses em todas as áreas da vida na cidade a partir de agora e para os próximos 30 anos.

Para o prefeito de Santo André, Paulo Serra, ouvir a cidade é o pontapé inicial do programa Santo André 500 anos, ação indispensável para o diagnóstico preciso sobre a vida e aspirações dos cidadãos andreenses, que guiará o novo conceito da cidade para os próximos 30 anos. Em linhas gerais, o prefeito aposta que levar o emprego para onde tem habitação e levar habitação para perto do emprego, prática seguida por grandes cidades que têm se reinventado, fará parte do plano diretor da cidade. “Toda obra ou programa só faz sentido se impactar na vida do morador, melhorando o dia a dia, afirma.
Parcerias multidisciplinares é a palavra-chave da primeira-dama de Santo André, Ana Carolina Serra, para a concretização dos projetos sociais incluídos na Agenda 2030, que norteia todas as ações do Santo André 500 Anos. Ana Carolina destaca as ações a serem executadas pelo Núcleo de Inovação Social (NIS) envolvem as áreas Segurança Alimentar, Capacitação Profissional e Engajamento da Sociedade, eixos a serem desenvolvidos em parceria com as secretarias municipais de Desenvolvimento Social, Saúde, Educação, Desenvolvimento Econômico, Obras, Segurança e Meio ambiente, em ações transversais para garantir a inovação social e a efetividade das políticas públicas.

Em coro com Paulo Serra, Acácio Miranda, secretário de Planejamento Estratégico e Licenciamento de Santo André, reforça que não seria razoável criar um projeto desse tipo sem ouvir os principais interessados. Afirma que toda a estratégia se assenta nos eixos Desenvolvimento Econômico, Humano, Urbano, Ambiental e de Gestão e Inovação, a partir da premissa de que as prioridades da sociedade mudam a cada evolução. Entusiasta da regionalidade, Miranda considera impossível pensar no desenvolvimento de Santo André de forma isolada sem relações com as outras cidades, por isso cogita a realização de um plano regional em longo prazo para o desenvolvimento das sete cidades pelas próximas três décadas.

Graduada em Serviço Social, coordenadora da Ong Ficar de Bem de Santo André e defensora popular da criança e do adolescente pelo Edepe (Núcleo Especializado da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Estado de São Paulo), Melissa Terron defende a criação de uma rede de apoio forte o bastante para a expansão do acolhimento às crianças, adolescentes e suas famílias. Melissa sustenta que é preciso pensar na criação de programas que vinculem as mães e responsáveis pelos menores ao atendimento social, baseados em políticas públicas intersetoriais para a geração de renda, capacitação, educação, creches em período integral e segurança alimentar adequada, além de uma gama de possibilidades para ao menos minimizar o impacto da violência ou da violação de direitos.

Desafio é primeira palavra que vem à cabeça de Alessandro Bernardo, presidente da Associação das Escolas Particulares do ABC, no exercício de pensar o futuro da Agenda 2030 na área da educação. O professor chama a atenção para a evasão escolar em Santo André de cerca de 41% dos jovens de 15 a 17 anos que abandonaram a escola por situações familiares, o que chama de situação alarmante que requer providências. Aposta na tecnologia e união de esforços com o setor público e afirma que as escolas particulares, que estão com vagas ociosas, têm muito a oferecer à rede pública de ensino. Bernardo ressalta, entre outros desafios, a recuperação de crianças da pandemia com problemas de aprendizado e dificuldade de socialização e revela ainda que há escolas reticentes em como atender às novas demandas e solucionar tais problemas.

Almir Cicote, secretário de Educação de Santo André, alerta para a necessidade de investir para o desenvolvimento eficaz da educação básica e diz que esse está entre os principais desafios para uma educação inclusiva e conectada, e fazer frente às novas demandas sociais e intelectuais. Em longo prazo, Cicote considera cada vez mais o uso do avanço tecnológico como ferramenta para avançar no conhecimento, e na formação de professores, mas diz que nada substitui o professor na sala de aula, nem o contato e a relação com o aluno. Diz-se preocupado com o excesso de exposição dos alunos às telas, tema que a rede pública começa a debater, vê como salutar a participação das escolas particulares no contexto das políticas públicas que estão sendo desenvolvidas pela secretaria no âmbito do projeto Santo André 500, e pensa que a troca de informações, ideias e experiências é a melhor forma de todos se reinventarem.

Gilvan Jr., secretário da Saúde andreense, aposta no futuro da telemedicina para agilizar o atendimento à população represado pela pandemia, mas afirma que os esforços de reorganização do atendimento nos centros de especialidades da cidade vão colocar a rede de saúde em dia em curto prazo. Prevê para julho o lançamento de programas que unem saúde e esporte a fim de oferecer mais qualidade de vida para os munícipes, planeja ampliar a estratégia Saúde da Família e estender Unidades de Saúde (UNs) para os territórios, além de gerar atividades que tragam o público para as UNs e vice-versa. O secretário ressalta a relevância da universidade para o debate sobre o futuro da saúde em Santo André e diz que em breve serão lançados projetos em conjunto com o Centro Universitário FMABC.

Pensar a saúde como caminho natural da prevenção, multidisciplinaridade e multisetorialidade para fazer frente aos desafios da agenda 2030 em Santo André são premissas de David Uip, professor reitor do Centro Universitário FMABC. Para o infectologista, a preparação para um futuro com mais saúde inclui decisões e políticas públicas que vão muito além de ações localizadas para curar doentes e alcançam a preservação urgente do planeta. Prevê que muitas das profissões atuais deixarão de existir e lembra que há novos paradigmas a serem resolvidos, como o aumento da longevidade e a baixa taxa de crescimento das novas gerações – a famigerada inversão da pirâmide, que, na visão de Uip, posta mais uma desafiadora questão: como financiar o sistema público e privado para cuidar bem dos dois lados.
Uip pondera que a saúde vai continuar tendo o papel que sempre teve e vai avançar, e considera que as profissões relacionadas à área não serão desqualificadas pela tecnologia. Acredita nos benefícios da tecnologia, mas é categórico em afirmar que não há como abrir mão do contato humano entre o profissional de saúde e pacientes que deve ser caridoso, generoso, empático e acolhedor.

Vida com qualidade suficiente para o desenvolvimento social da população é o projeto atual e futuro de Ana Claudia de Fabris, presidente do Núcleo de Inovação Social de Santo André (NIS). Para Ana, o caminho para atingir o objetivo é a capacitação. Entre os desafios, aponta a inclusão digital para todos e conta que o NIS tem apostado suas fichas nesse tipo de capacitação por meio da Escola de Ouro Andreense, iniciativa do Fundo Social de Solidariedade, que visa a qualificação de alunos para o mercado com cursos gratuitos por professores altamente preparados. Ana reitera que a tecnologia é amiga das pessoas e veio para ficar, o que torna essencial e urgente a capacitação de todas as pessoas, sem distinção. Entre as atenções futuras do NIS Ana Claudia destaca a inclusão da pessoa com deficiência e seus cuidadores.

Maria Inês Villalva coordenadora Técnica da Feasa (Federação das Entidades Assistenciais de Santo André defende que a prevenção para uma qualidade de vida das pessoas idosas é primordial para uma sociedade mais inclusiva, organizada e justa para todos. Inês preconiza a inclusão de idosos na lista de prioridades das políticas públicas, ao lado de crianças e adolescentes, dada a proporção do envelhecimento da população em relação aos baixos índices de natalidade, verificado em vários países do mundo, e afirma que o acolhimento adequado ao idoso vulnerável é um desafio que está posto para o País e que envelhecimento precisa ser assistido.
Veja as entrevistas para o RDtv:
“Queremos dar à cidade o poder de pensar e falar do futuro”, diz Paulo Serra
“Projetos sociais pautam o futuro do cidadão de Santo André”, diz Ana Carolina Serra
Almir Cicote afirma que para avançar é preciso investir na Educação Básica
Alessandro Bernardo sugere interface entre escolas particulares e poder público
Desafios requalificam a Saúde andreense para as próximas décadas
Temos de preparar o País para ficar menos doente, diz David Uip
Ana Claudia de Fabris defende muita capacitação para todos na área social