
O crime mais polêmico ocorrido no ABC nos últimos anos, que ficou conhecido como o caso da família carbonizada, caminha para um desfecho importante após vários adiamentos do juri dos cinco acusados de matar o empresário Romuyuki Veras Gonçalves, sua esposa Flaviana Meneses Gonçalves e o filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves, de apenas 15 anos, vão a júri popular nesta segunda-feira (12/06). Os três corpos foram encontrados, no dia 28 de janeiro de 2020, no interior do veículo da família, um Jeep Compass, carbonizado na Estrada do Montanhão, em São Bernardo. O crime, porém teve início no condomínio residencial onde a família vivia a poucos quilômetros dali, em Santo André. O crime chocou a opinião pública após a polícia deter a outra filha do casal, Anaflavia Meneses Gonçalves, hoje com 27 anos como suspeita do crime, juntamente com a sua então companheira Carina Ramos.
Ao longo das investigações a polícia foi chegando aos comparsas que, segundo o inquérito policial e a denúncia do Ministério Público, participaram do crime. Os primos de Carina, Jonathan Fagundes Ramos e Juliano de Oliveira Ramos Júnior e um terceiro amigo, Guilherme Ramos da Silva, as teriam ajudado a praticar o crime. Passados mais de três anos e quatro meses do crime, os cinco réus continuam presos, foram seis tentativas de julgamento, todas redesignadas por pedidos da defesa dos réus, alegando ausência de testemunhas.
O juiz Lucas Tambor Bueno, da Vara do Júri de Santo André, concedeu os pedidos da defesa, no sentido de evitar recursos que pudessem anular o júri. O último deles foi o atraso no pedido do exame de sanidade mental feito na ré Anaflávia. O pedido feito no ano passado não havia sido atendido até a última tentativa de julgamento em janeiro deste ano. O juri dela chegou a ser colocado em separado para que os outros quatro fossem julgados, mas o processo voltou a ser reunificado.

Os advogados que atuam no processo dividem opiniões sobre a realização do júri. Para a advogada criminalista Alessandra Jirardi, que representa os réus Jonathan e Juliano Ramos, a espera terá fim nesta segunda-feira (10/06). Ela considera que não há mais motivos para adiamento e passou o fim de semana estudando o processo. “Agora vai acontecer o júri. Estou estudando o processo neste fim de semana estudando o processo observando alguns pontos e estou preparada. Acredito que não há mais motivo para adiar. Vai ter júri sim”, resumiu.
O advogado de Anaflavia, Leonardo José Gomes, teme alguma manobra que possa adiar novamente o julgamento, mas apesar disso ele também está se preparando e aproveitou o fim de semana prolongado para se dedicar às dezenas de volumes do processo. “Estou lendo e relendo o processo, checando os pontos principais dos depoimentos esperados e as contradições que serão expostas. Vamos com tudo. Muita coisa nova vai aparecer nesse processo que ninguém sabe ainda”, disse.
Também o advogado que representa a família das vítimas e que atua como assistente de acusação, Epaminondas Gomes, diz também que essas manobras sempre podem ocorrer. “Sempre pode (ocorrer um adiamento). Tem testemunha que eles (defesa) estão insistindo desde sempre, se insistirem novamente pode ser que não tenha o júri. Mais uma vez vamos tentar que o júri seja instalado e que os trabalhos sejam iniciados e recebam a justa medida da culpabilidade de cada um”, comentou.
Vera Lúcia Chagas Conceição, mãe da vítima Flaviana, viajou de Extrema-MG para São Paulo na noite deste sábado (10/06) para aguardar junto a familiares o desfecho do julgamento. Em todas as vezes que foi designada audiência ela compareceu e deseja ver todos os cinco acusados, principalmente a neta Anaflavia condenados pelo triplo homicídio.