
Após três anos e cinco meses do crime que chocou o ABC, na madrugada desta (14/06) sete jurados selaram o destino de três dos cinco acusados pela morte da família Gonçalves, crime bárbaro ocorrido em 28 de janeiro de 2020, quando os empresários Homuyuki Veras Gonçalves, Flaviana Meneses Gonçalves e o filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves, foram torturados e mortos na casa em que moravam em Santo André, e depois tiveram os corpos carbonizados dentro do carro da família. Os três acusados condenados são a própria filha e irmã das vítimas Anaflavia Meneses Gonçalves, a companheira dela na época, Carina Ramos de Abreu, e o amigo delas, Guilherme Ramos da Silva. Juntas as penas dos três ultrapassam 190 anos de prisão. Outros dois acusados, os primos Jonathan e Juliano Ramos, serão julgados em 21/08.
Anaflavia foi condenada a cumprir, em regime inicialmente fechado, a pena de 61 anos, cinco meses e 23 dias de reclusão e a pagar 40 patamar mínimo, por homicídio, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa. Carina recebeu uma penta total de 74 anos, sete meses e 10 dias de reclusão e a pagar 35 dias-multa, no patamar mínimo também pelas três mortes e ocultação de cadáver, roubo associação criminosa. Guilherme Ramos da Silva teve a menor pena dos três, e ainda assim foi condenado a 56 anos, dois meses e 20 dias de reclusão e a pagar 34 dias-multa, pelos mesmos delitos de assassinato, ocultação os corpos das vítimas, roubo e associação criminosa.
Júri
O julgamento, que começou na segunda-feira (12/06) teve um início tumultuado por conta dos réus Juliano e Jonathan, que também sentariam no banco dos réus, mas na última hora decidiram destituir a advogada Alessandra Jirardi que disse que não poderia atender ao pedido deles para mais um adiamento do julgamento, que já tinha sido adiado outras quatro vezes. Com isso o juiz Lucas Tambor Bueno decidiu pelo desmembramento do júri, deixando os primos para serem julgados em separado, com novo advogado.
Nesta terça-feira (13/06) a movimentação em frente ao Fórum teve momento tenso. Da mesma forma que das outras vezes em que o júri foi marcado, Vera Lucia Chagas Conceição, mãe da vítima Flaviana, protestou na chegada dos carros da Polícia Penal que traziam os acusados. Aos gritos chamou a neta de assassina e de lixo.
A sessão de julgamento recomeçou por volta das 11h45 com os debates entre acusação e defesa, cada parte com cerca de 2h30 de duração. A acusação buscou derrubar a tese de defesa de que as mortes não estavam planejadas e que teria sido um roubo que não deu certo. Promotoria e assistência de acusação pediram pena máxima, destacando que o processo tem provas que mostram que as mortes já eram planejadas. O inquérito policial conta com informações retiradas do celular de Carina em que ela pediu uma cotação para a troca do carpete da casa da família Gonçalves, um indicativo de que as duas rés pretendiam ficar com a casa e a herança.
Pesaram contra os réus, como qualificadoras do triplo homicídio, a formação de quadrilha, roubo, destruição e ocultação de cadáver. A defesa pediu a pena para o crime de roubo, que os três admitiram, mas que fossem absolvidos dos três homicídios, jogando para os primos Juliano e Jonathan a autoria pelas mortes.
A defesa depois fez a sua sustentação que teve início por volta das 16h e no início da noite os jurados se reuniram na sala secreta para a decisão, votando quesito a quesito, as acusações atribuídas a cada um dos acusados. Os votos, de culpado ou inocente, não identificam o jurado que os depositam em um tipo de urna. A maioria dos votos define a culpa de casa um e após isso o juiz Lucas Tambor Bueno definiu a dosimetria da pena de cada réu, ou seja, quanto tempo de prisão cada um terá a cumprir por cada crime a que foi condenado.
Recurso
Advogado da Carina, Fábio Costa, reafirmou após o término, da mesma forma que disse no primeiro dia de júri, que vai pedir a anulação do julgamento, por conta de dois fatores, o desmembramento, a decisão do juiz de deixar Jonathan e Juliano para serem julgados em agosto, e por uma questão técnica ocorrida durante a sessão em que teria sido flagrado um dos jurados com um smartwhatch, um relógio que pode se comunicar com um celular. A comunicação eletrônica de dentro do plenário do júri não é permitida. Apesar da condenação Costa considerou que o resultado até foi bom. “Considero como um juri de sucesso, uma pena de 74 anos soa muito alta, mas a cliente esperava uma pena de mais de 100 anos, e nós conseguimos 74 anos. Mantenho a possibilidade de pedir a anulação. porque o primeiro prejuízo nosso foi esse desmembramento e o juro em separado foi prejudicial para os três. Eles (Juliano e Jonathan) foram os executores, vamos pleitear, vamos entrar com recurso de apelação para tentar reduzir a pena”, disse à imprensa o defensor.