O advogado e ex-presidente da Fundação Criança de São Bernardo, Ariel de Castro Alves, listou ao RDtv desta terça-feira (18/07), os motivos que o levaram a ser exonerado da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, há 75 dias. Segundo o especialista, divergências com o Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, fizeram com que sua saída fosse anunciada. Algo que considera que foi fruto de “ego, vaidade e melindre”.
Durante os 100 dias em que ficou no cargo, Ariel aponta uma série de problemas que causaram rusgas no seu relacionamento profissional com Almeida. Um dos principais foi a centralização das ações dentro do Ministério. Um dos pontos foi o grupo montado pelo Ministério da Educação para avaliar medidas para combater a violência nas escolas. Apesar de especialistas, o jurista acabou de fora do debate.
“Eu queria participar, mas infelizmente já estava no período do Ministério, do Ministro estar retirando os nossos espaços de participação. Não temos nenhum tipo de protagonismo, nenhum tipo de visibilidade já que existia um processo de centralização por parte do Ministro. De ele estar à frente de todos os temas, mesmo não dando conta de se especializar em todas as áreas”, iniciou.
“O grande problema dessa centralização é de depois os processos não terem continuidade. Não basta as pessoas quererem participar naquele momento mais emergencial, que o assunto está em evidência. Depois as equipes precisam dar continuidade a esses trabalhos”, seguiu Ariel.

O ex-secretário nacional também apontou outras ações que chama de “enfraquecimento” de sua pasta como a falta de estrutura na Secretaria, falta de orçamento e funcionários, além da dificuldade no apoio e respaldo de medidas apresentadas por sua equipe. Tudo isso que considera que tenha sido fruto “puramente de situações de melindre, de vaidade e que isso não é adequado quando se trata de gestão pública”.
Outro ponto foi a nota emitida pelo Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), na qual Ariel presidia, em fevereiro, para rebater uma fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em que teria relatado o “impacto” da criação do Pix para uma criança que estava vendendo. Algo que foi compreendido como “grave” por se tratar de trabalho infantil. A nota não foi bem recebida internamente.
A “gota d’água” para sua exoneração, segundo o advogado, foi uma visita da primeira-dama Janja Lula da Silva ao espaço em que estava alocada a Secretaria Nacional. Ariel acredita que o fato de Silvio Almeida ter que se deslocar do gabinete para o local acabou gerando “rusgas com o gabinete do Ministério dos Direitos Humanos”.
“Uma pena que isso tenha acontecido por ego, por vaidade e por melindre, porque acaba prejudicando a situação da infância e adolescência no Brasil, que é uma situação das mais graves nos últimos anos, dos 33 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente”, disse Ariel de Castro Alves apontando problemas decorrentes da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).