
Não é de hoje que motoristas dos grandes centros urbanos sofrem para encontrar vagas para estacionar o carro na rua, Zona Azul ou em estacionamento particular. Com o aumento gradual da frota de veículos, a tendência é que o cenário piore. Desta forma, algumas alternativas estão em discussão, como estacionamentos verticais e subterrâneos.
Dados do Detran (Departamento Nacional de Trânsito) apontam que a região ganhou mais de 404 mil automóveis (sem contar caminhões, caminhonetes, motos e utilitários) nos últimos 10 anos. A frota era 600,4 mil em 2001 e ultrapassou 1 milhão em 2011. Além disso, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) projeta alta de 4,5% nas vendas de automóveis e comerciais leves em 2012 no País – o equivalente a 3,5 milhões de novas unidades nas ruas.
Na discussão de como acomodar toda essa frota, um dos entusiastas é Valter Moura Júnior, vice-presidente da Acisbec (Associação Comercial e Indústria de São Bernardo), favorável na criação de estacionamentos verticais. O empresário diz que é cada vez mais complicado achar vaga para estacionar o carro na cidade e não há área para construir mais estacionamentos, principalmente em locais movimentados, como na região da rua Marechal Deodoro. “O estacionamento vertical poderia ser uma saída para amenizar este problema”, sugere.
Segundo Moura Júnior, alguns setores do município cogitaram o assunto, mas esbarraram na Lei de Zoneamento, que precisaria mudar, e também o Plano Diretor. “As conversas não caminharam. Até propusemos fazer estudos de viabilidade, mas o debate parou. Se não há interesse do poder público, não conseguimos avançar”, lamenta.
Levantamento feito nas proximidades da rua Jurubatuba e avenidas Faria Lima e Marechal Deodoro indica que São Bernardo conta com aproximadamente 1,2 mil vagas em estacionamentos particulares. “Se contarmos que as vagas são rotativas, o número é maior. Porém é importante lembrar que os comerciantes também utilizam estas vagas, sendo assim, nem todas estão disponíveis aos clientes”, ressalta.
‘Proposta está longe do ideal’
Para Caio Rubens Gonçalves Santos, professor do Instituto Mauá de Tecnologia especializado em Engenharia de Transportes, estacionamentos verticais ou subterrâneos ajudam a equacionar o problema de falta de vagas, mas estão longe do ideal. “O correto seria investir no transporte de massa para diminuir o número de carros da vias, assim como criar bolsões de estacionamento para que as pessoas deixassem seus carros nestes locais e seguissem de ônibus ou metrô”, explica.
O professor lembra de estacionamentos verticais que operam no centro de São Paulo, mas ocasionam aumento significativo no fluxo de veículos ao seu redor. Para isso, seria necessário investimento na malha viária.
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Acompanhe a série de reportagens especiais feita pelo Repórter Diário sobre estacionamentos:
1 - Com 12 mil vagas, região planeja expansão das zonas azuis
2 - Falta de áreas limita expansão de estacionamentos privados no ABC
4 - Motoristas são amparados pelo Código de Defesa do Consumidor