
Com o intuito de garantir a alimentação saudável e estimular a prevenção e combate à obesidade e sobrepeso infantil, Ribeirão Pires zerou o uso de achocolatados na merenda escolar do município. Mas quais são os problemas do consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados na infância?
Para o RD, a nutricionista e professora do curso de nutrição da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Narjara Pereira Leite, explica que alimentos ultraprocessados são ricos em calorias e têm baixo valor nutricional. Esses alimentos podem contribuir para o desenvolvimento precoce de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, hipertensão e até câncer. E na infância, além de todos esses perigos, eles podem prejudicar o crescimento e o desenvolvimento da criança, pois são pobres em nutrientes essenciais. “Isso sem falar das cáries dentárias, que é outro problema bastante conhecido, devido ao excesso dos açúcares”, diz.
Sobre a importância das escolas oferecerem uma alimentação de qualidade e saudável, Narjara destaca que a oferta de ultraprocessados na escola pode estimular o estudante a querer consumir esses produtos em casa e em outros ambientes. A professora cita um estudo recente sobre o consumo regular da alimentação escolar fornecida pelo PNAE (Programa Nacional de Alimentação do Escolar), que contribui para um menor nível de obesidade entre adolescentes. “Foram observadas taxas mais baixas de obesidade entre adolescentes que consomem a alimentação escolar em comparação com aqueles que não consomem. Além de fornecer refeições adequadas e saudáveis, a escola deve desenvolver ações de educação alimentar e nutricional que despertem a compreensão da importância de se evitar o consumo de ultraprocessados e estimulem escolhas alimentares saudáveis”, conta.
A nutricionista aconselha que a melhor maneira de introduzir uma alimentação saudável para crianças é por meio das recomendações do Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois, que frisa uma introdução de outros alimentos na dieta de forma lenta e gradual. “Algumas crianças podem estranhar no início e recusar determinados alimentos, o que é normal, pois trata-se de uma experiência totalmente nova para elas. Por isso é importante apresentar à criança uma grande variedade de alimentos desde cedo, com preferência aos mais nutritivos como frutas, legumes, verduras, carnes magras, peixes, arroz, feijões”, diz.
O que dizem os pais e alunos?
Para a estudante Mariana Araújo Rodrigues, que tem diabetes desde os quatro anos, a alimentação oferecida nas escolas lhe causaram problemas no passado. “Aos sete anos, estudava na Emeb (Escola Municipal de Ensino Básico) José Cataldi em São Bernardo e foi orientado que minha alimentação deveria ter, mas tudo foi ignorado já que era a única aluna diabética da escola. Tive problemas com a glicose muito alta e só depois de discussões com a direção consegui levar meu lanche porque tinha condições de comprar, mas é quem não tem?”, questiona Mariana.
Para a analista de atendimento, Nicolly Cesário do Nascimento, o controle de consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados para a filha de apenas um ano e nove meses é equilibrado. “Minha filha estuda em uma creche municipal de Santo André e, apesar de ter minhas dúvidas sobre em relação se ela come ou não, a escola me envia o cardápio semanal que me possibilita saber o que é oferecido para ela, controlando o que ela consome de açúcar”, afirma.