O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, inicia novo tratamento para disfunção erétil com o dispositivo CaverSTIM, que trata do problema em indivíduos com lesão medular, que passaram por prostatectomia ou que não respondem a medicamentos orais. O dispositivo foi desenvolvido pela Comphya, startup suíça de tecnologia médica e o tratamento é uma alternativa indolor, segura, fácil, confortável e eficaz em comparação às opções que já existem, como injeções locais e implantes penianos.
Em entrevista ao RDtv, o pesquisador, urologista, professor do Centro Universitário Faculdade de Medicina ABC e um dos responsáveis pelos estudos dos dispositivo no Brasil, Sidney Glina, explica que o dispositivo ainda está em fase de estudos, mas os testes clínicos já foram aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“A ideia do dispositivo é estimular a ereção. Deverá ser colocado cirurgicamente próximo a próstata e aos nervos que causam a ereção e, com um controle externo, o paciente conseguirá impulsionar a ereção”, explica Glina. Segundo ele, estudos pré-clínicos com animais já foram realizados e, agora, é estudada a utilização deste dispositivo em pessoas. Caso os trabalhos pré-clínicos sejam comprovados com o estudo, haverá nova possibilidade de tratar a disfunção erétil.

Cerca de 20 voluntários serão selecionados para a primeira fase de estudos clínicos, cujo objetivo é comprovar a segurança e a eficácia do dispositivo. As cirurgias serão realizadas no Hospital Estadual Mário Covas, e a expectativa é que os resultados preliminares sejam observados até o fim do ano. Em uma segunda fase, serão incluídos pacientes de prostatectomia – que passaram por uma remoção da próstata – e outros casos de disfunção erétil que não respondem à medicação oral.
Ao ser questionado sobre como lesões medulares podem afetar a ereção, Glina diz que a lesão interrompe os estímulos que vem do cérebro para várias partes do organismo, o que incluí o órgão genital. “Essas pessoas muitas vezes não andam, tem problemas na bexiga e, a grande maioria, não tem ereção. Alguns remédios funcionam, mas muitas vezes não, e é aí que entraria o dispositivo”, expõe.
Sobre a eficácia do dispositivo, Glina afirma que aparelhos elétricos, como o CaverSTIM, já são utilizados em tratamentos de outras enfermidades e se provaram eficientes. “Pacientes com problemas na bexiga, muitas vezes implantam um aparelho, muito parecido com o que estamos estudando e, com isso, já sabemos que ele possui uma grande longevidade dentro do corpo de até 10 anos”, conta.
A disfunção erétil é vista como um tabu entre os homens e, segundo o urologista, tal preconceito atrasa o diagnóstico do problema. “O paciente que começa a apresentar problema de disfunção erétil demora cerca de quatro anos até procurar um especialista. É importante que os homens entendam que é um problema comum e que todos os casos de disfunção erétil tem tratamento, seja medicamentos ou até tratamento psicológico”, destaca.