
O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, divulgado nesta quarta-feira (30/08) mostra que o ABC teve saldo de empregos 1.411 postos de trabalho com carteira assinada em julho. O desempenho que ficou abaixo do verificado para os meses de julho dos últimos três anos e o crescimento do mercado de trabalho na região foi menor do que o índice paulista e nacional. O emprego nas sete cidades variou positivamente 0,19% em julho e 1,12% no ano, índices que ficaram abaixo da variação registrada no Estado, de 0,32% e 2,44%, respectivamente. O saldo de emprego nacional também ficou acima do ABC registrando 0,33% em julho e 2,75% nos sete meses de 2023.
Os saldos de emprego desde a profunda crise de 2020, o primeiro ano da pandemia da covid-19, vinha em uma curva ascendente, mas agora aponta para baixo. Em julho de 2020 a região teve saldo negativo de 270 vagas, um ano depois o saldo ficou em 1.866 postos de trabalho e em julho de 2022 o ABC teve saldo de 4.921 empregos formais, para cair para o saldo de 1.411 este ano, fruto da diferença entre as 31.687 admissões e 30.276 demissões.
Considerando somente os sete meses de 2023 o resultado é mais animador, principalmente diante da recuperação do saldo negativo em 68 vagas registrado no mês de junho. Mesmo assim os meses de abril (com saldo de 1.881 vagas) e fevereiro (3.442) foram melhores. De janeiro a julho o ABC ficou com saldo de 8.330 vagas resultado das 229.958 admissões e 221.628 demissões. Se considerados os últimos doze meses, de agosto de 2022 a julho de 2023 a região evoluiu no mercado de trabalho formal o equivalente a 16.580 postos de trabalho.
Para o professor de economia e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, Sandro Renato Maskio, a menor ocupação é reflexo de uma economia menos aquecida comparada com último ano. “Esse ano o desempenho tem sido menor, se comparado ao ano passado o que demonstra ser efeito de um ritmo menor da atividade econômica e isso traz uma capacidade de geração de empregos mais reduzida. As outras localidades não tiveram um boom de emprego também, portanto é o comportamento médio de desaceleração na trajetória de empregos formais”, analisa.
De acordo com estudo citado por Maskio, o nível de emprego não avança mais porque há uma parte da população que, cansada de procurar trabalho, ou por ter pouca qualificação, que simplesmente deixaram de procurar, são os chamados desalentados. ”Há um estudo do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) que mostra o aumento do número de pessoas empregadas em ritmo maior do que a queda observada de pessoas desocupadas. Essa proporção deveria ser semelhante, mas não é porque pessoas estão desistindo do mercado de trabalho. A FGV aponta essa questão das pessoas desistindo do mercado de trabalho principalmente os jovens. A economia se recompôs em 2021 e 2022 depois do solavanco, mas não tem apresentado a capacidade de ampliar o ritmo da atividade econômica para além da estrutura produtiva anterior à pandemia”, completa o coordenador do Observatório Econômico da Metodista.