
No domingo, 2 de setembro, é comemorado o Dia da Kombi no Brasil, o veículo utilitário vai comemorar na data 70 anos no país. As primeiras unidades saíram da fábrica da Brasmotor, na Capital em 1.953, época em que ela chegava da Alemanha em containers e era apenas montada na empresa que depois passaria a se chamar Brastemp, e fabricar geladeiras. A produção passou a ser feita no país em 1.959 com a inauguração da fábrica da Volkswagen de São Bernardo. Só no ABC estão registradas 24.196 Kombis, nada mal para um veículo que deixou de ser produzido em dezembro de 2013.
O veículo é o utilitário mais queridinho do país e vinha em várias configurações, hoje os exemplares mais antigos estão extremamente valorizados e muitos, mesmo em mau estado alcançam boa valorização, principalmente para serem levados para o exterior e restaurados. As mais antigas, a T1 também conhecida como Corujinha são as mais valorizadas. Os exemplares dos anos 60, para serem restauradas, chegam fácil perto dos R$ 50 mil e as já restauradas partem do dobro desse valor.
O veículo é também muito modificado, para diferentes usos, as destinadas ao camping, são a moda hoje em dia, com cortininhas nas janelas e adaptações para fogão, cama e armários no lugar da carga ou banco de passageiros. Nos anos 80, já pensando nessa utilização a Kombi ganhou uma carroceria específica para isso, mais larga e quadrada ela já vinha pronta de fábrica, inclusive com chuveiro. Era a Kombi Safari, uma carroceria produzida pela Karmann Ghia, também na Anchieta, em São Bernardo, e colocada sobre o chassi e motor original da Kombi. Era uma opção cara, mas mais barata do que um trailer tradicional e com a vantagem de que qualquer motorista com carta Categoria B poderia dirigir. As Safari são raras e, por isso, valorizadas. Na internet exemplares bem conservados podem ser encontrados entre R$ 130 mil a R$ 200 mil, um capital alto se considerado um veículo com mais de 40 anos de uso.
Feito para o trabalho bruto, a Kombi agrada principalmente os pequenos empresários, mas também muitas empresas com grandes frotas adoraram o veículo por muitos anos devido a sua versatilidade, capacidade de carga e de passageiros, manutenção barata e resistência. Um destes fiéis proprietários é Adão Custódio de Oliveira, de 78 anos. Ele é um dos sócios da Eletromecânica ABCD, empresa de Diadema que trabalha com reparos em motores elétricos de todos os tipos, a empresa tem uma Kombi picape com caçamba de madeira há mais de 25 anos. Trata-se de um modelo Clipper, com motorização 1600 movida à álcool.

A picape Kombi da eletromecânica não tem vida fácil, carrega pesados motores de até 900 quilos, mas nunca se negou ao trabalho conforme diz o empresário. “Nunca deu problema, não dá manutenção. Ás vezes ela fica uns dois dias sem sair e a gente dá na chave e ela pega na hora, mesmo sendo à álcool. Isso porque a gente procura deixar a manutenção em dia”.
Por ser um carro de trabalho, como tantas outras Kombis, a picape tem suas marcas do tempo, mas ainda preserva muito da sua originalidade como as calotas brancas e todo o interior que não foi mexido apesar da idade do carro. “Tem alguma coisa aqui e ali para fazer, mas é um carro de trabalho, uma hora a gente para ela para arrumar, porque ela merece”, diz Oliveira. O empresário não enxerga em outro veículo a mesma capacidade de carga, confiabilidade e robustez da Kombi. “Eu vejo a Ford Courrier como uma opção, que aguenta o peso e é um bom carro também, só que para nós não serve, porque a caçamba é menor. Fora ela, não vejo outro modelo que poderia substituir. Tem umas caminhonetes importadas, mas dão muito problema e a manutenção é cara, prefiro a Kombi que não dá dor de cabeça”, completa.
A mesma forma de pensar de Adão Custódio de Oliveira é a de muitos pequenos empreendedores que ganharam dinheiro vendendo pastel, caldo de cana, transformaram o veículo em pequena loja de rua, transportaram passageiros e os mais diferentes tipos de carga. O furgão da Volks também foi muito usado pelas extintas companhias telefônicas Telesp e CTBC, como também os Correios, prefeituras e empresas públicas em geral. As polícias Civil e Militar também utilizavam Kombis para patrulhamento e transporte de pessoal.
Motorizações foram várias, 1.200, 1.500 e 1.600 refrigerados à ar. A Kombi já no modelo Clipper teve uma versão à diesel, aquela que tem uma espécie de radiador na dianteira. Mais recentemente ganhou porta lateral de correr, um tipo de acesso que já era usado fora do Brasil deste os anos 70. Apesar dos modelos brasileiros terem ficado muitos anos sem alterações a Kombi nunca deixou de vender bem, por diversas vezes ficou entre os dez modelos mais vendidos do país, por anos perdendo apenas para seus primos Fusca e Brasília, carros de passeio e não utilitários.

O Detran-SP informa que no Estado são 357.244 Kombis registradas atualmente e desse total, 24.196 são do ABC. As maiores frotas estão em Santo André e São Bernardo, com 7.576 e 7.164, respectivamente. Na sequência vem Diadema com 3.125 unidades e Mauá com 3.056. São Caetano tem 1.847 furgões da volks, Ribeirão Pires, 1.045 e Rio Grande da Serra tem registradas 383 Kombis.
Um dado importante que atesta a durabilidade e a confiabilidade da Kombi é que das 357.244 unidades que rodam pelo Estado, 80.497 delas têm entre 41 e 50 anos de idade e 13.442 são senhoras com mais de 50 anos.
O RD procurou a Volkswagen para comentar sobre o furgão icônico da marca e para saber se fará algum evento para marcar a data, porém, até o fechamento desta reportagem a montadora não respondeu.