
Diversas pessoas que trabalharam recepcionando os frequentadores do The Town, festival que aconteceu nos dias 2,3, 7, 9 e 10 deste mês no Autódromo de Interlagos, na Zona Sul da Capital, disseram que estão com pagamentos atrasados, na região, na última semana foi realizado um ato de protesto em Diadema mirando a empresa Hiplan, que teria contratado o pessoal temporário.
“Me prometeram pagamento no dia 12 e até agora nada”, disse uma moradora de Diadema que reclamou nas redes sociais também das condições de trabalho. “Até a água era quente”, destacou.
Shaianne Maia, disse que a empresa contratante não pagou nem o transporte para o pessoal que trabalhou no evento. Ela teve sorte por morar próxima ao autódromo. Ela trabalhou os cinco dias do evento, sendo contratada sob o título de “ajudante” e a promessa da empresa era de pagar R$ 150 por dia e os pagamentos deveriam ter sido realizados no dia 15, porém somente na última semana ela recebeu apenas parte do que tem direito. “Recebi apenas R$ 600, mas eles me devem R$ 750. Estou aguardando ainda. Esse dinheiro me faz muita falta porque eu o aguardo para fazer exames”, diz a jovem.
Shaianne também contou que a jornada de trabalho era extenuante e a comida pouca e sem qualidade. “Eu trabalhei das 10h às 22h e tudo isso em pé, com descanso de 15 a 30 minutos. Nós dois primeiros dias deram um pão com patê, um biscoito do pequeno waffle, um refrigerante de 250ml, uma maçã e uma paçoca, nos outros dias foi só pão com mortadela e um suco. Não imaginei que teria tanto desgosto em trabalhar num festival como esse. Eles (empresa) acham que por precisão temos que aceitar essa situação. Isso foi humilhante, ficar 12 horas em pé, passando chuva e sol, para nem nos pagarem corretamente”, reclama.
O único contato que os contratados tinham com a empresa foi um grupo de whatsapp montado com os funcionários e que depois de muitas reclamações parou de funcionar, segundo contam os trabalhadores.
Outra que trabalhou nos cinco dias do festival e ainda não recebeu tudo foi Danila Soares da Silva. Ela conta que soube da vaga de trabalho através de amigos que indicaram por rede social. Nos dias de evento ela também conta que trabalhou por 12 horas ininterruptas com alguns pequenos períodos de descanso além de reclamar do que serviram como alimentação. “Fiquei doze horas em pé trabalhando e nos deram pão com mortadela. A última mensagem que recebi deles era a de que estavam revisando quem trabalhou todos os dias e quem foi dispensado antes do final do The Town, para acertar os pagamentos, depois não responderam mais”, reclama.

O RD tentou contato com a empresa Hiplan, por telefone e por e-mail, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno. A empresa atua em diversas áreas, desde contratos de engenharia, locação de equipamentos e veículos, até intermediação de mão de obra. A empresa já teve contratos inclusive com a prefeitura de Diadema para o fornecimento de veículos.
A assessoria de imprensa do The Town divulgou nota sobre a situação em que não reconhece a Hiplan como uma das empresas que atuaram no festival. “A organização informa que a empresa citada não consta nos cadastros de fornecedores ou empresas contratadas para atender ao festival. Além disso, reitera que todos os parceiros são instruídos a realizarem os processos de contratação dentro da legislação brasileira e não admite qualquer ação que viole os direitos humanos. Integrantes do Ministério Público estiveram presentes acompanhando todo o trabalho executado. Importante dizer que o The Town repudia qualquer forma de trabalho que não siga as regras de respeito ao trabalhador seja em relação ao modelo de contração, segurança, valores e alimentação oferecida. Imprimimos no The Town, desde o primeiro momento, um padrão de trabalho e profissionalismo que marca a trajetória de mais de 30 anos da Rock World nesse segmento com a produção do Rock in Rio – no Rio, em Lisboa, em Madri e em Las Vegas. Todos os trabalhadores nos eventos produzidos pela Rock World, empresa detentora do The Town, seguem padrões rigorosos de contratação”.