
O governo de São Paulo anunciou um pacote de medidas na tentativa de resolver a crise no transporte de balsas no litoral norte do Estado. O Executivo estadual pretende ampliar o número de embarcações e modernizar as balsas que já estão em atividade. É prometido investimento de R$ 243 milhões até 2024.
Um dos principais destinos turísticos do litoral paulista, Ilhabela tem registrado problemas de desabastecimento por causa da precariedade do transporte marítimo na região. Segundo relatos, a espera para atravessar de São Sebastião para Ilhabela chegou a seis horas na semana passada. Na sexta-feira, 29, só duas balsas faziam a travessia enquanto outras cinco estavam paradas para manutenção.
Além do aumento da frota e da reforma nas balsas existentes, o governo prevê obras nos terminais e estaleiros do Estado. No caso específico da travessia São Sebastião-Ilhabela, o Estado vai implementar um serviço de fiscalização do peso dos veículos que utilizam as balsas para evitar danos às embarcações. A medida inclui a implementação de uma balança do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) que vai funcionar a partir da quarta-feira, 4.
O Estado quer ainda criar um conjunto de regras para a travessia de caminhões. A ideia inicial é que esses veículos trafeguem nas balsas fora do horário comercial – a exceção será para caminhões que transportam produtos como alimento e combustível, considerados essenciais.
No total, o governo promete cerca de R$ 80,5 milhões só no transporte marítimo de São Sebastião-Ilhabela. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, serão R$ 31,7 milhões para modernizar a frota e R$ 48,8 milhões em reformas e obras de drenagem e dragagem.
O plano institui ainda medidas de longo prazo, como a concessão do serviço de travessia à iniciativa privada, ideia que era prevista desde a gestão João Doria (PSDB). A expectativa é de que o leilão ocorra em 2025.
Embarquei às 22h e a balsa só saiu às 8h
Os relatos de sufoco na espera da balsa na última semana foram muitos. O empresário Diogo Jabaquara, que tem uma restaurante na ilha, disse ter esperado cerca de 10 horas para iniciar o trajeto.
“Embarquei às 22 horas e a balsa só saiu às 8h da manhã. Realmente, chovia e havia muitas ondas, mas por volta das 3 da manhã o mar já havia serenado. Os pedestres todos dormiram no catamarã e, no dia seguinte, tiveram de passar para a balsa porque o catamarã teve problema”, relatou ao Estadão.
“Queremos melhorar o sistema de travessias, cuja precariedade já vem de muito tempo”, afirmou a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende. “Desde o início do ano, estamos empenhados em ações de curto, médio e longo prazo para solucionar o mais rápido possível a situação, que se agravou nos últimos dias pela conjugação de fatores mecânicos e restrições climáticas. Já retornamos quatro ferry boats à operação. E nos próximos dez dias teremos mais medidas”, disse.