
A produção na fábrica da General Motors, em São Caetano, parou completamente nesta segunda-feira (23/10) em protesto contra as demissões em massa na montadora. Trabalhadores foram surpreendidos, no sábado (21/10), com telegramas e e-mails com comunicados de demissão, imediatamente o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano organizou assembleia no domingo e definiu pela grave. Nesta segunda-feira (23) assembleias foram realizadas nos portões da fábrica, onde os grevistas prometem resistir com a paralisação até a empresa reverter a decisão. Só na fábrica do ABC pelo menos 150 foram dispensados.
O presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, disse que apesar da paralisação em São Caetano, a empresa ainda não chamou os trabalhadores para conversar. Também estão em greve as plantas de São José dos Campos e Mogi das Cruzes, onde os operários também receberam comunicado de demissão. Logo depois de uma das assembleias, Cidão conversou com o RD, e disse que é provável que o sindicato tenha que recorrer à Justiça. “Sempre houve diálogo. Nós sabemos das dificuldades, estávamos sabendo da situação, mas esperávamos que fossemos chamados para conversar, mas a empresa acabou tomando essa decisão unilateral”, disse.
Cidão diz que a atitude drástica de mandar trabalhadores embora foi na contramão do que vem sendo construído entre empresa e sindicato dos trabalhadores. “A relação vinha sendo produtiva, mas aí muda a direção e o novo quer fazer de outro jeito”, disse. A fábrica de São Caetano, apesar do tempo de atividade, é considerada moderna. Nos últimos anos a montadora investiu R$ 10 bilhões na unidade do ABC e de São José dos Campos só em modernização. Na unidade de São Caetano são produzidos o SUV Tracker, a perua Spin e a picape Nova Montana. “Parte deste investimento se frustrou na pandemia”, diz o presidente do sindicato.
Não se tem ainda um número fechado sobre quantos funcionários a montadora quer demitir. Só em São Caetano o sindicato já identificou 150 trabalhadores que receberam o comunicado. Segundo Cidão, alguns trabalhadores já foram encaminhados para uma clínica para fazer exame demissional. “Não sabemos nem quantos são, esses 150 foram os que identificamos até agora, a empresa não fala nada”, critica.
O sindicalista também prevê que a empresa seja dura mesmo com a greve em toda a produção. “Já tivemos greve de 10 dias e a empresa não negociou e fomos para a Justiça, acho que é possível acontecer de novo. O sindicato já busca vários caminhos, a Justiça é um deles, para tentarmos a suspensão dessas demissões”, completa Cidão. As assembleias vão continuar em todos os turnos amanhã e nos próximos dias para atualizar os trabalhadores.
Nota da montadora
Em nota, a General Motors nega uma decisão de surpresa. Alega que tentou outras manobras, como layoff, que é a suspensão dos contratos de trabalho, porém a categoria não aceitou. “Foi aprovada pelos empregados, nesta segunda-feira (23/10), em assembleias realizadas pelos sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano, São Jose dos Campos e Mogi das Cruzes, a proposta de greve por tempo indeterminado. Reiteramos que a queda nas vendas e nas exportações levaram a General Motors a adequar seu quadro de empregados nas fábricas de São Caetano, São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Esta medida foi tomada após várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica, como lay off, férias coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário. Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro. A GM reforça que a segurança dos empregados é nossa prioridade”, diz o comunicado.