As medidas do Governo do Estado para tentar evitar novas tragédias em unidades escolares seguem em debate. Ao RDtv desta quinta-feira (26/10), o presidente fundador do Instituto Educacionista, membro efetivo do Movimento pela Base Nacional Curricular (BNCC) e ex-secretário de Educação de Mogi das Cruzes e São Caetano, André Stábile, ressaltou a necessidade de se contratar professores para que possam ter mais base para ajudar os alunos com seus problemas emocionais.
Segundo Stábile, o Estado de São Paulo conta com um déficit de 80 mil professores em sua rede de Educação. Tal fato faz com que os profissionais contratados tenham que dar aulas em duas, três ou quatro escolas diferentes durante o dia. O que não permite que este mesmo profissional tenha tempo para ser preparado para avaliar possíveis comportamentos emocionais dos alunos, e por consequência, entender a necessidade de chamar ajuda especializada.
O educador aponta que existe um grave problema com a questão emocional dos alunos, o que deveria fazer com que o Governo do Estado apostasse em uma ação intersetorial para conseguir reduzir este tipo de problema, unindo áreas como Educação, Saúde, Segurança e Assistência Social, ao invés de ações isoladas como a contratação de 1 mil seguranças particulares.
Stábile aponta que a pandemia do Covid-19 não é a única explicação para os problemas emocionais dos estudantes, tanto crianças quanto adolescentes. As mudanças de comportamento também contam com uma base nos conteúdos vistos pela internet, principalmente nas redes sociais.

“O uso descontrolado de telas e redes sociais tem gerado consequências que não foram completamente estudadas. Em alguns países do mundo já está tendo o início de proibição de crianças bem pequenas de acessarem ou levarem dispositivos eletrônicos para as escolas”, iniciou.
O especialista, a partir de pesquisas, verificou que o problema em relação a falta de controle do uso dos meios eletrônicos é comparável com a “adição de produtos tóxicos”. “Então fica difícil controlar depois uma reação emocional inesperada quando uma criança não aprendeu, por exemplo, a controlar a sua ansiedade ou a esperar resultados, porque tudo no mundo digital é muito rápido ou automático”, seguiu.
André Stábile que com a contratação de mais professores e treinamentos adequados seria possível ensinar as crianças e adolescentes, por exemplo, sobre as diferenças que mostram que uma notícia é verdadeira ou falsa, ou mesmo a lidar com outras situações vividas no mundo virtual e que podem causar problemas no mundo real.