
Renata Hidalgo Alcântara de Souza, que perdeu o filho M., de apenas 10 anos, vítima de meningite bacteriana, no início de novembro, em Diadema, resolveu iniciar uma campanha para que todas as vacinas da meningite sejam dadas gratuitamente e pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A mãe relata que o filho estava com a carteira de vacinação em dia, mas ficou doente e morreu em cerca de 24 horas, mesmo sendo atendido na rede de saúde. Segundo Renata, a vacina tipo B só é encontrada em clínicas particulares por cerca de R$ 1,5 mil, com a dose de reforço. Enquanto isso, a doença avança no ABC.
A mãe deu início à campanha com uma carta que publicada em rede social, mas pretende criar uma página específica com informações e com apelos as setores da Saúde e da política para pressionar pela vacina gratuita. Renata já começou a chamar mães que participam de grupos da escol Anita Catarina Malfatti, onde o filho estudou e também quer procurar por políticos da região e tentar agendas com representantes da saúde e até chegar em Brasília com sua reivindicação. A publicação pode ser vista na página ‘hidalgodealcantarasouza’ no Instagram.
“Tem muita gente leiga sobre esse assunto, inclusive até da própria prefeitura que deveria dar mais informações sobre essa doença que levou o amor da minha vida em 24 horas. O pessoal do SUS era para ter vindo aqui em casa, fazer o acompanhamento, mas não veio”, aponta. A prefeitura diademense ministrou medicamento antibiótico para todos os alunos da sala de aula em que a criança estudava, além de familiares e pessoas que tiveram contato com ele.
Com outros dois filhos menores, Renata não pensou duas vezes, apertou o já pequeno orçamento familiar para imunizar as crianças. “Eu me apertei para dar as vacinas, já paguei R$ 1.848,00 só com a primeira dose da Meningo B par os dois. Já aproveitei e antecipei o reforço da ACWY que só seria dada no posto com 11 anos”, explicou a mãe que calcula um gasto total de cerca de R$ 3 mil com as vacinas das duas crianças. “Eu quero orientar as mães sobre essa doença terrível que levou meu filho, para que essa vacina não seja paga e que mais nenhuma mãe passe a dor que eu estou passando. Para o governo não custa tão caro, usam tanto dinheiro para fazerem show de fim de ano, porque não podem investir na saúde das crianças?”, completa.
M. estava bem de saúde até apresentar febre na terça-feira (07/11). “Eu mediquei e pela manhã ele ainda estava com febre e dor e mediquei novamente, mas levamos para o Pronto Atendimento, porque ele tinha umas manchas pelo corpo. De tarde essas manchas já estavam por todo o corpo. Das 15 horas até as 18h30 ele piorou muito, levaram meu filho para a UTI e ele ficou sedado e eu não o vi mais”, relatou. O menino depois do primeiro atendimento, foi transferido de Diadema para outro hospital em Guarulhos, onde faleceu.
Casos aumentam na região
O número de casos de meningite no ABC tem aumentado consideravelmente. Diadema não atualizou os números nesta segunda-feira (27/11), mas de janeiro a setembro do ano passado foram registrados 33 casos, já neste ano, no mesmo período foram 55, aumento de 66,7%.
Em São Bernardo, as mortes pela doença também aumentaram. De janeiro a novembro deste ano foram confirmados 219 casos de meningite e 11 óbitos. No mesmo período do ano passado, foram 229 registros e oito óbitos. Até o momento, a cobertura da população-alvo, ou seja, menores de um ano e adolescentes, é de 77%. A campanha de multivacinação segue ativa até dezembro deste ano, com oferta da imunização contra a meningite, diz a Prefeitura.

Os números de Mauá estão mais estáveis. Até o momento possui 55 casos positivos para meningite em 2023, desses sete são bacterianas e quatro óbitos. No mesmo período de 2022 foram 49 casos positivos para meningite, desses oito são bacterianas e quatro óbitos.
Quanto à vacinação, em crianças com até um ano de idade ela está em 81% do público alvo, de um a quatro anos de idade, 90% e de cinco a 10 anos, 97%. O Paço de Mauá informa, ainda, que a vacinação em adultos segue em grupos prioritários e profissionais da Saúde. Está em andamento a Campanha de Multivacinação para Atualização de Caderneta Vacinal até o dia 01 de dezembro.
Em Santo André, foram 163 casos neste ano até outubro, contra 144 no mesmo período de 2022, alta de 13,2%. A Prefeitura informa que a cobertura para a vacina Meningo C para crianças menores de um ano é de 66% e de 63% para maiores desta idade. Santo André disponibiliza a vacina Meningo C a todos os públicos elegíveis nas 33 unidades, de segunda a sexta.
Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram.