Nos dias atuais, a tecnologia está cada vez mais incluída no dia-a-dia de todos e, até crianças, em idades cada vez mais precoces, já têm acesso aos smartphones, tablets, computadores e vídeo games. Apesar de ser utilizada por pais e tutores como forma de entreter os pequenos, o uso de telas pode causar graves consequências no desenvolvimento nas crianças, seja de linguagem, de visão ou até na audição.
Em entrevista ao RDtv, a fonoaudióloga, neuropsicopedagoga e membro do NEA-FMABC (Núcleo Especializado em Aprendizagem, da Faculdade de Medicina ABC), Elâine De Araujo Piva, afirma que crianças que ficam tempo demais no aparelhos eletrônicos, perdem a interação com o outro e, consequentemente, possuem dificuldade maior em socializar e até para desenvolver a fala.
“As crianças e os jovens acabam se fechando muito nas telas o que, além de interferir na habilidade social, prejudica a visão por conta da luz azul da tela e o sistema auditivo por conta dos fones de ouvido que sempre estão no último volume. É importante que os pais e responsáveis fiquem atentos ao tempo que o filho fica no celular e também realizar consultas frequentes para verificar como está a visão e a audição desse jovem”, diz.

Alessandra Caturani Wajnsztejn, psicóloga, neuropsicóloga, psicopedagoga e coordenadora do NEA-FMABC, destaca que em muitos casos, o que os pais acreditam ser alguma dificuldade de aprendizagem, seja dislexia ou o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), é apenas um problema no sistema auditivo ou na visão, causado pelo uso excessivo de celulares, tablets ou vídeo games.
“Nas análises que fazemos no NEA, nunca fechamos uma avaliação sem a presença de um exame oftalmológico e auditivo, já que isso é algo essencial para um diagnóstico responsável no que se diz respeito a transtorno de aprendizagem. Insistimos muito nestes exames, em especial no período de volta às aulas, para que a escola seja avisada sobre a situação do aluno e tome as medidas necessárias, reforça.
Dicas para a volta às aulas
Há poucos semanas para o inicio do ano letivo, é importante que os estudantes tentem retomar a rotina de sono para facilitar o aprendizado ao voltar às aulas. “O sono é fundamental, já que é nele que consolidamos a aprendizagem e memória. Sabemos que as férias possibilitam que crianças e adolescentes possam dormir a hora que quiserem e acordar em qualquer horário, mas nessas semanas que antecedem o início das aulas, o ideal é ir dormir mais cedo, acordar mais cedo e tentar dormir por pelo menos 8 horas por noite”, orienta Alessandra.
Outro ponto destacado por Elâine neste período de volta às aulas é a alimentação e a nutrição, fatores que também influenciam no aprendizado. “Já vimos muitas crianças que ficam sem tomar café antes de ir para a escola e, ficar um longo tempo sem se alimentar, interfere muito na atenção e no foco. Estar com fome faz com que as crianças fiquem distraídas e desfocadas, o que afeta no desempenho deles nas tarefas e nos testes escolares e, por isso é importante dar foco na alimentação antes de levar o seu filho para a escola”, finaliza.