
Segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil e corresponde a 30% dos tumores malignos registrados no País – o que nas novas estimativas, até 2025, corresponde a 211 mil casos ao ano. Silenciosa, a doença cresceu na Grande SP, ao passar de 2.322 atendimentos na rede pública, em 2022, para 2.419 no ano passado (variação de 4,1%). No ABC, os números somam, pelo menos, 108 vítimas da doença contra 110 em 2022.
São Bernardo registrou o maior número de atendimentos a vítimas, segundo o Departamento Regional de Saúde (DRS) da Grande São Paulo. Foram 64 pacientes no ano passado contra 51 em 2022. Dos encaminhamentos de 2022 para especialidade de dermatologia, 7,8% dos casos representavam lesões suspeitas. Em 2023, dos encaminhamentos para dermatologia, 12,3% dos casos eram de lesões suspeitas de malignidade.
Já Santo André somou 16 atendimentos de casos de câncer de pele em 2023 contra nove, em 2022. Na cidade ao lado, em São Caetano, o Estado informa que foram sete atendimentos este ano e nenhum em 2022, mas na contrapartida a Prefeitura da cidade relata que houve 50 confirmações da doença no ano retrasado e outras 28 em 2023.
Em Diadema, o fechamento do diagnóstico é realizado em serviços referenciados da rede estadual de Saúde, que informou não ter registrado atendimentos em 2022 e 2023. No entanto, a administração municipal informa que, somente no ano passado, foram encaminhados a serviços referenciados 134 casos de suspeita de câncer de pele – sob investigação.
Rio Grande da Serra, Mauá e Ribeirão Pires não informaram os dados, mas a DRS esclarece que nenhum atendimento por essa causa foi registrado na rede pública nestes municípios.
Cuidados com a doença
Em todos os municípios da região, são oferecidas redes de cuidado para pacientes com doenças de pele, incluindo o câncer. A porta de entrada é a unidade básica de saúde (UBS), que encaminha os casos mais complexos para os CMEs (Centros Médicos de Especialidades) para tratamento com dermatologista.
Após o diagnóstico, o paciente pode ser enviado para pequenas cirurgias ou, nos casos mais severos, incluídos na regulação estadual para ser atendido na rede hospitalar estadual.
Cuidados básicos
A dermatologista e professora do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Cristina Laczynski, observa que a cada ano os casos de câncer de pele crescem em todo País, e esse aumento se deve, principalmente, por falta de informação sobre os riscos da exposição solar sem as proteções adequadas, sejam elas físicas (roupas com proteção UV), sejam químicas (uso de protetores solares adequados) ou até mesmo o cuidado com os horários que a pessoa se expõe à luz.
Cristina afirma que entre os maiores erros da população está a questão do uso de protetor solar. “Essa coisa de usar somente quando vai à praia, não reaplicar o protetor e/ou não observar os horários de risco à exposição solar são alguns dos maiores problemas”, aponta a médica ao lembrar que outro erro comum é observar uma lesão nova na pele e não buscar um especialista.
Outra questão que a população deve se atentar é se existe alguma predisposição genética para o desenvolvimento do câncer de pele. “Se na família já existe algum caso, é preciso estar atento e consultar um especialista para acompanhamento”, orienta. Pessoas de pele clara, olhos e cabelos mais claros também têm chance maior no desenvolvimento da doença.
Bronzeamento artificial e uso de óleos
Outra questão bastante citada na pauta de câncer de pele é o uso de óleos bronzeadores, assim como o chamado bronzeamento artificial. Em entrevista ao RD, a médica da FMABC esclarece que o bronzeamento artificial, além de acelerar o envelhecimento, pode levar ao aparecimento de lesões que podem se tornar, com o tempo, um câncer de pele.
Já os óleos bronzeadores têm fatores de proteção solar muito baixos e apenas corantes para uniformizar a pele, o que contribui para a falha na proteção contra a exposição solar e dá uma “falsa impressão” de proteção.
“É preciso educar as pessoas no sentido de que protetores solares não são cosméticos, e sim medicamentos fundamentais à nossa saúde”, afirma a médica. Na dúvida, a orientação é consultar um dermatologista para ter todas as orientações e dúvidas esclarecidas.