
Com o aumento no número de casos de dengue, prefeituras da região intensificaram o monitoramento de pontos estratégicos, que podem ser tornar foco do Aedes aegypti. Apenas este ano, 99.488 imóveis foram visitados e mais de 440 criadores do mosquito foram eliminados. Mas a medicina alerta que o monitoramento precisa caminhar junto com o controle feito pela população para ter eficiência.
São Bernardo foi a cidade com o maior número de imóveis vistoriados, com 99.268 endereços visitados pelas equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), com pelo menos 258 focos de criadouros eliminados neste ano. Em 2023, os agentes de endemias vistoriaram 725.325 imóveis durante todo o ano.
Os casos mais graves são encaminhados para fiscalização zoosanitária para aplicação de penalidades e os casos menos graves são supervisionados pelas equipes da área. Atualmente, 57 imóveis estão sob fiscalização do CCZ. As denúncias contra água parada e imóveis abandonados podem ser feitas pelo Disque Dengue 0800-0195565.
Em Santo André, foram fiscalizados 18 pontos denunciados e os mesmos já não apresentam mais risco.A Prefeitura monitora atualmente mais de 300 pontos estratégicos, que na maioria não é espaço desativado. Espaços desativados são fiscalizados de acordo com denúncias recebidas. Os pontos estratégicos são monitorados por meio de vistorias realizadas quinzenalmente por nossas equipes. Em todo o ano de 2023, foram fiscalizados 148 imóveis na condição de fechados/abandonados.
Em 2024, o CCZ de São Caetano realizou 30 vistorias nos Pontos Estratégicos cadastrados, enquanto em todo o ano de 2023 realizou 213 vistorias nos pontos estratégicos. O município monitora quinzenalmente 10 pontos, imóveis selecionados pela elevada oferta de recipientes em condições de se tornarem criadouros, pela natureza desses recipientes, cujo volume de água pode favorecer a produção de insetos, como cemitérios e ferro velho.
A Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) de Diadema monitora 60 pontos estratégicos (PEs), como ferro-velho, borracharia, reciclagem e cemitérios, e 40 imóveis especiais (IEs), como terminais de ônibus, shoppings e outros locais de grande fluxo de pessoas. Em relação a espaços desativados e/ou imóveis não ocupados, a Prefeitura realiza fiscalização após denúncia e, confirmando o risco para proliferação do mosquito, o proprietário do imóvel é notificado, de acordo com a legislação vigente.
Em 2024, Mauá vistoriou 25 pontos estratégicos, monitorados permanentemente, uma obra e 20 imóveis especiais, sendo que 21 deste total não apresentaram risco. Já em 2023, foram monitorados 33 pontos estratégicos, duas obras e 20 imóveis especiais.
Ribeirão Pires conta com 11 pontos estratégicos que são monitorados a cada 15 dias. Caso tenha foco positivo, o Centro de Controle de Zoonoses realiza um bloqueio de 150m quadrados e realiza vistorias e identificação de pessoas com sintomas de dengue. Já Rio Grande da Serra conta com 15 pontos estratégicos cadastrados em 2024, mesmo número de 2023. Todos esses pontos estratégicos são monitorados quinzenalmente sendo eles cemitério, ferro velho, desmanche, reciclagem, entre outros.
Importância do monitoramento
O infectologista da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvêncio Furtado, explica que o monitoramento de pontos desativados é extremamente importante para evitar a maior propagação da doença, mas precisa estar ligada com um controle feito pela população. “Cerca de 75% dos criadouros de dengue são encontrados em locais residenciais. O combate ao mosquito tem de ser feito o ano inteiro, com campanhas de conscientização, porque a população relaxa. O mais importante é que as pessoas cuidem dos seus quintais e verifiquem também ameaças na vizinhança”, afirma.
Furtado diz ainda que a falta de controle de criadouros durante o ano é uma das principais razões para o aumento de casos nas últimas semanas. Lembra que todo ano tem surto e mortes por dengue, então temos que cuidar dos riscos e da prevenção constantemente e, nessa época do ano o impacto é ainda maior por conta do clima. Os casos mais graves acometem os imunossuprimidos, idosos e crianças. “Quem mora em regiões com muita ocorrência de dengue pode ter situações mais agravadas, porque são quatro subtipos diferentes, se a pessoa pega um tipo diferente enquanto ainda está se recuperando e tem uma carga elevada de anticorpos, isso pode ocasionar um agravamento”, diz.