
O ABC carece de um plano claro e urgente para manejo e cuidado com as árvores. Isso porque a falta de estratégias tem sido a principal causa das queda e remoção de árvores, principalmente nos períodos de chuva. Para se ter ideia, desde janeiro, mais de 200 árvores caíram na região e, das cidades contatadas, somente São Bernardo e Santo André mapearam as árvores que apresentam algum tipo de risco, total de 5,5 mil sob supervisão.
Ainda que cada cidade possua sua particularidade, a bióloga e ambientalista da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, defende que é essencial existir um Plano Regional de Arborização Urbana, pois a região está situada em área de Mata Atlântica. “Isso ajudaria até mesmo para a atualização dos técnicos responsáveis por esse serviço, com as melhores formas de realizar podas, avaliação de saúde das árvores, espécies mais adaptadas às calçadas, entre outros”, analisa.
Levantamento feito pelo RD aponta que ao longo do ano passado, 43,2 mil árvores receberam serviço de manutenção em três das sete cidades do ABC, sendo: Rio Grande da Serra (3), São Bernardo (30 mil) e Santo André (13.257). Apesar do número expressivo, a quantidade de árvores que caem ou são suprimidas nestas cidades ainda é grande. Exemplo são as cerca de seis árvores removidas na Vila Lutécia, em Santo André, com laudo técnico que evidenciou a necessidade de remoção, e a árvore de grande porte que caiu, em janeiro, no início da Estrada do Pedroso, na Vila Luzita, uma das mais populosas da cidade.
Um morador da Vila Lutécia, que prefere não se identificar, observou a retirada das árvores no bairro e comenta que ficou triste com o cenário visto. “Essas mais de cinco árvores que foram retiradas eram históricas na região. Por não serem cuidadas da forma devida, foram alvo de um crime ambiental”, diz.
Poda e manutenção
Na tentativa de contornar o cenário, São Bernardo mapeou 27 mil espécies arbóreos que receberão algum tipo de poda e/ou manutenção este ano. Os primeiros bairros a passar pela vistoria, segundo a Prefeitura, foram Rudge Ramos e Pauliceia. Em Santo André, foram solicitados 2.763 pedidos de poda, 271 de substituição de árvores e outros 45 pedidos para avaliação, total de 3.079 árvores sob análise. As demais cidades não forneceram informações sobre planejamento para 2024.
Referente a plantio, Ribeirão Pires informou que no ano passado foram plantadas 2.334 árvores novas e, em 2024, aproximadamente 35 árvores já receberam o serviço de poda. Já Rio Grande da Serra contabilizou 37 mudas de espécies nativas da mata atlântica plantadas e, em 2024, a cidade planeja o plantio de 192 mudas no Parque dos Ipês e de 219 mudas no bolsão de estacionamento do Parque Linear, todas de espécies nativas da Mata Atlântica.
Novas tecnologias
Para evitar podas desnecessárias e quedas das árvores na região, Marta Marcondes avalia que os municípios precisam adquirir equipamentos que possam ser utilizados para avaliação da saúde das árvores. “Temos de usar as novas tecnologias ao nosso favor, pois não podemos mais perder nenhum indivíduo arbóreo. E poderíamos, como região, dar exemplo para outras localidades”, ressalta a bióloga.
Em quais situações a árvore deve ser removida?
De acordo com Marta, a remoção da árvore deve ocorrer somente quando houver um laudo de saúde comprometida e risco eminente de queda. Por esse motivo, a especialista avalia que é essencial modernizar e capacitar técnicos para fazer uma avaliação correta, inclusive com equipamentos para este fim.