
Nos últimos anos, os chamados aplicativos de aluguel de temporada, como o Airbnb e Boooking, se tornaram a principal escolha de viajantes para economizar com hospedagem. No entanto, golpistas aproveitam a popularização destes aplicativos para criar novas maneiras de conseguir facilmente o dinheiro dos consumidores, com falsos anúncios ou imóveis com valores muito baixos.
Para o RD, a coordenadora do curso de Direito na Universidade São Judas e Mestre em Direitos Difusos e Coletivos, Juliana Pullino Reis, é importante estar atento no momento de fazer as escolhas para não acabar no prejuízo. “Os golpistas criam anúncios com um endereço inexistente e o usuário quando percebe o golpe muitas vezes já é tarde. Não conseguirá utilizar o imóvel alugado. Para não cair neste golpe, o consumidor deve primeiramente checar o endereço antes de formalizar a negociação. Outra saída é reservar imóveis que tenham indicação de pessoas conhecidas”, diz.
No caso de anúncios com preços muito baixos, Juliana recomenda o consumidor sempre desconfiar quando o preço estiver muito abaixo da prática do mercado. “Valor baixo demais pode indicar futuro prejuízo. Para evitar cair neste tipo de golpe é interessante verificar a avaliação feita pela própria plataforma com as sugestões de preço médio para cada localidade e época do ano. Sempre bom pedir que o anunciante envie outras fotos do imóvel para se certificar da existência real do local”, destaca.
Para evitar a frustração com o fechamento de negócio fraudulento, o consumidor pode, antes de concretizar a reserva, também pesquisar a reputação do dono do imóvel em locações anteriores, por meio de avaliações e comentários deixados por clientes que já locaram o imóvel e dar preferência para os melhores pontuados. “Outra dica é evitar fazer o pagamento da reserva fora dos canais disponibilizados pela plataforma escolhida, como o Airbnb, pois a solicitação dessa natureza pode indicar fraude. É sempre importante solicitar fotos e vídeos do imóvel anunciado, bem como certificar-se acerca da existência do endereço e do imóvel no endereço informado”, orienta a especialista.
Pesadelo
Em 2020, a advogada de São Caetano, Flávia Del Cid, alugou um imóvel em Bertioga para passar o Carnaval pelo aplicativo AlugueTemporada, hoje chamado de Vrbo, mas o que parecia um apartamento bem cuidado, se tornou um pesadelo. “Ao chegarmos na rua do imóvel, percebemos que não condizia com as fotos. A rua estava completamente destruída, os moradores da região nos encaravam com um olhar estranho e, ao chegarmos no prédio, vimos que o local estava caindo aos pedaços e que o apartamento estava mal cuidado e cheirava mofo, completamente diferente daquilo que vimos no aplicativo”, conta.
Flávia diz que entrou com uma ação contra o aplicativo e contra o proprietário, mas o proprietário do imóvel não foi localizado até hoje. “O próprio AlugueTemporada não tinha o endereço e o contato do proprietário e até tentou dizer que a responsabilidade do ocorrido não era do aplicativo, mas tudo que acontece no site deles deve ser respondida por eles. Iremos ter uma audiência de conciliação em março para resolvermos todo o ocorrido”, comenta.
Em caso de golpes, o consumidor deve sempre buscar os seus direitos quando violados. “De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, as plataformas online de aluguel de imóveis respondem solidariamente em caso defeito na prestação do serviço, pois possuem responsabilidade objetiva. Portanto, se algo não sair como prometido no anuncio veiculado, o consumidor deve documentar tudo e registrar a reclamação nos órgãos de defesa do consumidor. Isso se aplica inclusive para os itens e diferenciais ofertados e que por ocasião da utilização não funcionarem como prometido”, ressalta Flávia.
Cheiro de mofo
Quem utiliza hotéis também precisa ficar ligado. A vendedora P.D.S. utilizou o Boooking para se hospedar neste mês de fevereiro num hotel em Santos, em frente à praia, Canal 2. A diária não era tão barata, mas o prédio antigo era bonito, assim, como os quartos. “Bonito só por fora, mas um prédio sem nenhuma manutenção. O quarto cheirava mofo e naftalina, a única janela não abria pra ventilar de tão velha, a visão era zero, embora o quarto fosse no quinto andar, o ar condicionado era tão velho e barulhento que não dava pra ouvir a tv ou mesmo dormir, as toalhas eram encardidas e tão velhas que não serviam nem para limpar chão, a internet era fraca e o banheiro parou no tempo. Bom somente a localização do hotel”, diz.
A vendedora conta que o seu erro foi não ler as mensagens de ex-clientes bem mais abaixo na página do hotel no Boooking. “Colocam as negativas lá embaixo”, afirma.