
Dados da Fundação Seade sobre importação e exportação no Estado de São Paulo em 2023 apontam que as exportações somaram US$ 75,5 bilhões para 232 países, o que corresponde a 22,3% do volume exportado no País. No ABC, números do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) indicam que somente este ano foram U$ 1,3 bilhão nas exportações. Se comparado ao mesmo período de 2023, houve redução de 9,3%, enquanto nas importações a soma foi de U$ 1,3 milhão, uma queda em 12,2%.
No Ciesp regional Santo André (Mauá, Ribeirão Pires, Santo André e Rio Grande da Serra), somente este ano, foram U$ 297,6 milhões nas exportações. Em relação a 2023, a entidade registra um decréscimo de 7,7%. Já nas importações, a soma foi de U$ 318 milhões, o que significa queda nos índices em 13,8%.
Entre os produtos mais exportados no Estado, destacam-se açúcares e produtos de confeitaria (US$10,1 bilhões), combustíveis e óleos minerais (US$9,1 bilhões) e reatores nucleares, caldeiras e máquinas (US$8 bilhões). Já no ABC, o que chama atenção são as armas e munições (19,5%), borracha e suas obras (19,3%) e plástico e suas obras (11,7%). E entre as importações da regional se concentram os plásticos e suas obras (19,8%), borracha e suas obras (10,9%) e produtos diversos das indústrias químicas (9,4%).
Norberto Luiz Perrella, diretor titular do Ciesp regional, avalia que a variação nos índices é normal, uma vez que algumas empresas, a exemplo da CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos, em Ribeirão Pires, ganharam mais espaço no mercado do que outras. “É normal que exista essa variação e uma empresa se destaque mais em um determinado período”, explica. No entanto, o diretor defende uma indústria regional mais bem articulada, a fim de que a região seja mais atrativa à investimentos.
“O que percebo é que o ABC ainda busca essa nova realidade na indústria. Vejo uma região desarticulada, com ideias do passado e uma entidade regional que não apresenta resultados”, comenta. Em sua visão, o primeiro passo para a mudança na economia regional devem partir das gestões públicas. “Precisam provocar mais discussões, ideias e projetos a nível regional para que o ABC finamente avance”, acrescenta.
Em São Bernardo, cidade considerada berço da indústria automobilística, as exportações totalizaram U$ 1,1 bilhão no período e também caíram (10,99%) na comparação interanual. Os principais mercados foram Argentina (34,4%), México (15,2%) e Estados Unidos (8,1%). Já nas importações, a cidade somou U$ 1,04 bilhão, o que significa crescimento de 1,6% em relação ao ano passado. As compras da regional tiveram como principais origens a Alemanha (23,7%), Suécia (14,1%) e China (11,6%).
Conforme levantamento do Ciesp, os principais produtos exportados na cidade foram automóveis e tratores (58,8%), máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (11,3%) e cobre e suas obras (8,2%). Por outro lado, as importações da regional foram principalmente de veículos automóveis e tratores (33,1%), máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos (24,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8%).
Apesar da queda, o diretor titular regional do Ciesp São Bernardo, Mauro Miaguti, analisa que os números são positivos e bastante representativos para a cidade, no entanto, falta uma política pública no sentido de direcionar quais investimentos precisam ser aplicados na cidade. “Em São Bernardo temos empresas de todos os setores, mas não existe um foco, e precisamos disso para atrair novos investidores na cidade”, defende.
Ainda de acordo com Miaguti, é preciso que a procura de novos investimentos também aconteça através do município, e não só das empresas. “Não precisamos esperar que as empresas se interessem pela região. Temos que ir atrás e procurar potenciais investidores no ABC. Precisamos de uma estratégia inteligente que agregue valor à região”, salienta.
Mobilidade
Norberto Perrella acrescenta, ainda, que outro desafio a ser superado é a questão da mobilidade, fator que impacta diretamente em novos investimentos e, assim, nos números de importação e exportação regional. “Temos um crescimento exponente dos investimentos imobiliários, o que prejudica ainda mais a mobilidade na região e isso só afasta as indústrias”, diz.
Sem planejamento estratégico, o empresário comenta que a região perde sua força industrial para atrair novos investimentos. “Com o entra e sai de mercadorias nesse anel viário complicado que temos na região, são poucas as empresas que se sentem atraídas pelo ABC. E falta uma preocupação dos gestores quanto a isso, dos problemas comuns das cidades que podem ter soluções”, diz.
Exportações somam 6,1 bilhões em 2023
De acordo com levantamento feito pela Fundação Seade, ao longo de 2023, as cidades do ABC contabilizaram, juntas, U$ 6,1 bilhões na receita das exportações, o que representa 8,1% do resultado registrado no Estado de São Paulo (U$ 75,5 bilhões). No que se refere às importações, foram R$ U$ 4,8 bilhões ao longo do ano, que corresponde a 6,7% dos resultados do Estado (U$ 71,5 bilhões).