
Cleidilan Coelho, 28 anos, residente de São Bernardo, tem se destacado em competições nacionais de xadrez. Ao utilizar um tabuleiro adaptado, o jovem mostra que o xadrez é um jogo de estratégia que vai além da visão. Além das dificuldades diárias em razão da deficiência, ele lida, ainda, com a falta de incentivo para praticar o esporte.
O xadrez oferece um universo de aprendizado em que cada partida nunca é igual a outra – o que o faz o esporte ser conhecido como jogo dos grandes pensadores.
Coelho nasceu na Bahia, se mudou para São Bernardo ainda jovem e perdeu a visão aos dez anos, devido a uma paralisia no nervo ótico. Seu interesse pelo xadrez surgiu quando o chefe de sua mãe o presenteou com um tabuleiro adaptado para deficientes visuais. “O xadrez é uma poderosa ferramenta para desenvolver o raciocínio matemático, pensamento crítico, imaginação, criatividade e comunicação”, diz.
Cleidilan se destaca por sua capacidade de memorização e intuição estratégica. No entanto, enfrenta dificuldades na busca por patrocínios, pois as competições são frequentemente distantes de sua residência ou em outros estados. Além disso, encontra desafios na obtenção de peças adaptadas para seu tabuleiro e na falta de exercícios acessíveis para seu treino.
História do Xadrez
O xadrez, originado na Índia durante o século VI como “chaturanga”, evoluiu através da Pérsia e do mundo islâmico, chegando à Europa no século XV e transformando-se na versão moderna que conhecemos hoje. Tornou-se um jogo popular mundialmente, com o primeiro campeonato mundial oficial realizado em 1886. A introdução de computadores e a internet ampliaram sua acessibilidade e popularidade global.
Como jogar?
O xadrez é um jogo de tabuleiro estratégico entre dois jogadores, cada um com 16 peças: um rei, uma rainha, duas torres, dois bispos, dois cavalos e oito peões. O objetivo é dar xeque-mate ao rei adversário, colocando-o sob ataque de tal maneira que não possa escapar. As peças movem-se de maneiras específicas: o rei uma casa em qualquer direção, a rainha em qualquer direção, as torres em linha reta, os bispos em diagonais, os cavalos em “L” e os peões uma casa para frente (ou duas no primeiro movimento) e capturam na diagonal. O jogo termina em xeque-mate, empate, desistência ou esgotamento do tempo.
Xadrez Adaptado para Deficientes Visuais
O xadrez adaptado para cegos possui várias modificações. O tabuleiro tem casas elevadas para identificação tátil, e as peças pretas têm uma marca distintiva. As peças se encaixam nas casas do tabuleiro para evitar movimentos acidentais. Jogadores cegos utilizam notação em Braille para registrar suas jogadas. Relógios especiais com áudio ou botões de fácil identificação tátil controlam o tempo. Jogadores anunciam suas jogadas verbalmente e podem contar com assistentes em torneios.
Competições
Entre 24 e 26 de maio, ocorreu em Mogi Guaçu a Segunda Etapa do Campeonato Brasileiro de Xadrez para Deficientes Visuais. Sessenta e um atletas de diversos estados brasileiros e do Distrito Federal participaram da competição. Cleidilan chegou às oitavas de final, terminando na 18ª posição.
A terceira etapa será sediada em Belém (PA) de 2 a 4 de agosto. E para participar do torneio, Cleidilan busca patrocinadores para custear sua viagem e hospedagem, além de mestres e tutores para ajudá-lo a treinar através de partidas online.
Sonhos e Aspirações
Apesar das dificuldades diárias, Cleidilan sonha em conquistar títulos internacionais e ser reconhecido mundialmente na categoria. “Meu maior sonho é conquistar títulos internacionais e alcançar o título de grande mestre internacional, que é a maior honra na categoria. Pretendo conquistar meus objetivos com muito esforço e dedicação”, afirma o atleta.