
Diante do pouco avanço nas negociações com a BASF, os trabalhadores(as) do setor de tintas automotivas do site Demarchi (ECO), em SBC, decidiram entrar em greve, rejeitando por unanimidade a nova proposta da empresa nas três assembleias realizadas pelo Sindicato dos Químicos do ABC nos dias 19 e 20 de junho.
A BASF apresentou essa nova proposta durante a terceira rodada de negociações mediada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, realizada no dia 19.
Apesar de algumas alterações, as assembleias a consideraram insuficiente, especialmente no que diz respeito à manutenção de empregos, estabilidade e ao não pagamento do adicional de periculosidade para novos contratados.
As assembleias reafirmaram as reivindicações de manutenção dos empregos e do adicional de periculosidade e o fim de práticas antidemocráticas e de assédio moral.
E também aprovaram uma contraproposta a ser enviada à empresa ainda nesta quinta-feira (20):
• Manutenção dos empregos e/ou pacote para os trabalhadores/as da ECO para funções específicas;
• Suspensão de horas extras e garantia contra perseguição e assédio;
• Estabilidade de emprego para todos do site Demarchi até junho de 2029 e um sistema de trabalho 6×3 puro;
• Pacote de proteção econômica com 25 salários + 8 salários por ano trabalhado + 24 meses de convênio médico;
• Manutenção do adicional de periculosidade para o ECD (Tintas Imobiliárias).
“Como gesto de boa fé e demonstrando que estamos sempre abertos à negociação, os trabalhadores/as aceitaram reduzir a contraproposta de pacote econômico em 20% o números de salários e em 33% no tempo do Convênio Médico, como foi reivindicado na assembleia do dia 12”, explica Fabio Lins, secretário de administração do Sindicato dos Químicos do ABC, coordenador da Rede de Trabalhadores(as) da BASF América do Sul e trabalhador na BASF desde 1995.
Para entender a situação
A BASF e o Sindicato dos Químicos do ABC mantêm há décadas uma relação histórica respeitosa e construtiva. Durante as duas primeiras décadas dos anos 2000, o diálogo social trouxe avanços significativos nas relações e condições de trabalho.
Em agosto de 2022, a gerência local da BASF Demarchi interrompeu esse processo ao cessar unilateralmente o pagamento do adicional de periculosidade para muitos trabalhadores do site, baseando-se em um levantamento sem participação dos representantes dos trabalhadores.
A situação se agravou em fevereiro de 2024, quando a BASF anunciou o fechamento da Unidade de Tintas Automotivas, sem consultar o Sindicato, resultando na eliminação de mais de 220 postos de trabalho no Brasil e na Argentina.
Em resposta a essa situação, uma assembleia dos trabalhadores/as realizada em março deste ano aprovou uma pauta de reivindicações com aviso de greve, ainda em vigor.
Desde maio, estão sendo realizadas rodadas de Mesa Redonda com mediação do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE/Governo Federal do Brasil. A última foi realizada no dia 19 de junho.