ABC - sábado , 29 de junho de 2024

Segundo júri de filha acusada de matar os pais e o irmão é adiado para agosto

O julgamento de Anaflavia Meneses Gonçalves, que estava previsto para esta terça-feira (25/6), acabou adiado para o dia 27 de agosto. (Foto: Reprodução)

O julgamento de Anaflavia Meneses Gonçalves, que estava previsto para esta terça-feira (25/6), acabou adiado para o dia 27 de agosto. A jovem é acusada do crime bárbaro ocorrido em 28 de janeiro de 2020, quando os empresários Homuyuki Veras Gonçalves, Flaviana Meneses Gonçalves e o filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves foram torturados e mortos na casa onde moravam em Santo André, e depois tiveram os corpos carbonizados dentro do carro da família.

As vítimas são os pais e o irmão da ré. Outras quatro pessoas apontadas também como autoras do triplo homicídio estão presas e foram condenadas a penas que, somadas, passam de 250 anos. O motivo do adiamento foi a exigência, pela defesa, de uma testemunha que acabou não localizada. Isso levou o juiz Lucas Tambor Bueno a redesignar o julgamento para agosto.

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Este é o segundo julgamento a que Anaflavia é submetida, em junho do ano passado, na mesma sessão em que foram julgados sua ex-companheira Carina Ramos e Guilherme Ramos da Silva, ela acabou condenada a 61 anos e cinco meses por homicídio, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa. Carina pegou 74 anos e sete meses e Guilherme 56 anos e dois meses. Em agosto do ano passado também foram julgados os primos de Carina, Jonathan e Juliano Ramos, que foram condenados respectivamente a 56 anos e seis meses e a 65 anos e cinco meses de cadeia, pelos mesmos crimes.

O primeiro julgamento de Anaflavia foi cancelado porque no primeiro júri, ela acabou não sendo condenada pela morte do irmão Juan Victor e a Promotoria juntamente com a assistência de acusação consideraram que o grande número de quesitos a serem avaliados um a um, podem ter confundido os jurados. O juiz então acatou o pedido da acusação, cancelando a pena atribuída a ela e marcando novo julgamento.

Banho de Sangue

Para o advogado Epaminondas Gomes de Farias, que é contratado pela família de Flaviana, e atua como assistente de acusação ao lado do Ministério Público, o adiamento do júri só aumenta a angústia da família, que aguarda há mais de quatro anos para que todos os acusados sejam responsabilizados pelo crime. “A perda dessa família é que não muda. A dona Vera Lúcia Chagas Conceição (mãe de Flaviana) perdeu a filha, o genro, o neto e diz que perdeu a neta também. Depois disso ela perdeu o irmão, que tirou a própria vida, e mais recentemente seu ex-companheiro, então essa é uma história banhada de sangue e para que esse processo de luto termine e esse caixão se feche é preciso essa resposta”, analisa.

Carina foi condenada a 71 anos de prisão no ano passado. (Foto: Redes Sociais)

Para Farias nada muda com o adiamento, exceto que se garante mais uma vez a ampla defesa dos acusados. “Em nome da plenitude da defesa o juiz deteminou o adiamento para que depois a defesa não alegue cerceamento e peça a nulidade. Então, tecnicamente, acho que é até mais seguro, porém não se pode fazer isso uma segunda vez, se a testemunha arrolada não for localizada até a nova data do júri ocorre preclusão, ou seja, em agosto o júri tem que acontecer”, diz.

A acusação espera que Anaflavia seja condenada por uma pena bem maior do que a do primeiro júri. “Se considerarmos que ela foi inicialmente condenada a 25 anos pela morte da mãe, mais 25 anos pela morte do pai, que contam com a qualificadora de matar um ascendente, no caso do irmão esperamos mais uns 23 anos”, estima. De acordo com essa expectativa a ré poderia chegar a uma pena de 84 anos de prisão.

Defesa

Para a defesa de Anaflavia o adiamento do júri é positivo e aumenta a chance de convencimento dos jurados da tese de que Carina Ramos é que era a cabeça do grupo e que determinou as mortes. O advogado Leonardo José Gomes, disse que, como o caso já não é tanto alvo da atenção da imprensa o adiamento foi bom. “Assim os jurados já não chegam com a pré-concepção em relação à ré. Também nesta madrugada entrei com um recurso pedindo que fosse considerada a oitiva do Jonathan, que escreveu uma carta para Anaflavia em que assume toda a culpa, mas ainda não conseguimos o convencimento do juiz, então o adiamento vai nos ajudar nisso também”, explica.

Juliano foi condenado a 65 anos e Jonathan a 56 anos de prisão. (Foto: Redes Sociais)

Tanto pelo tempo decorrido entre o crime e o julgamento, como pelos testemunhos, o advogado de defesa espera até diminuir a pena de Anaflavia. “Eu vejo que quando conseguimos tirar um homicídio que pesava sobre ela e depois conseguimos anular o juri todo, traz mais uma chance melhor para a defesa e vamos reforçar a tese de que a Carina foi a cabeça da ação criminosa”, completa.

Crime

O crime bárbaro ocorreu em 28 de janeiro de 2020, quando os empresários Homuyuki Veras Gonçalves, Flaviana Meneses Gonçalves e o filho do casal Juan Victor Meneses Gonçalves foram torturados e mortos na casa onde moravam em Santo André. Depois tiveram os corpos carbonizados dentro do carro da família, abandonado na Estrada do Montanhão, já em São Bernardo.

Segundo a denúncia do Ministério Público, Anaflavia e Carina chamaram os primos Jonathan e Juliano e o amigo dos quatro Guilherme para a prática de um roubo. Anaflavia facilitou a entrada do grupo no condomínio onde a família morava. Faz parte da denúncia também os encontros do grupo para planejar o crime e até uma cotação feita por Carina para trocar o carpete do andar superior da casa da família. Para a acusação isso demonstra que o plano era matar a família e as duas ficarem com a casa. Os irmãos ficariam com uma quantia que estaria no cofre da casa, cerca de R$ 85 mil, dinheiro que nunca foi encontrado.

Guilherme Ramos foi o que recebeu a menor pena. (Foto: Reprodução)

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