ABC - sábado , 29 de junho de 2024

Vacina aumenta procura de informações para o tratamento de herpes

Herpes do tipo zóster pode trazer dor intensa e pode permanecer mesmo após o desaparecimento das lesões na pele. (Foto: Divulgação)

Mais do que um número maior de doentes, a divulgação de uma vacina para a herpes do tipo zóster, está levanto mais pacientes aos consultórios em busca de informações. Em que pese em algumas cidades ou a quantidade de casos é pequena ou não cresceu significativamente a relevância da doença, associada ao imunizante, tem feito mais pessoas procurarem o serviço médico.

A doença se apesenta em três formas, a tipo um, que é a herpes labial, a mais comum, depois vem a tipo 2 que é a genital e a mais grave que é a zóster, que acomete pacientes que tiveram contato com o vírus da catapora. Esse último tipo pode trazer dor intensa e mesmo após o desaparecimento das lesões na pele essa dor pode permanecer.

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Para o médico infectologista e professor do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Juvêncio Furtado, não houve crescimento do número de casos, mas o fato de agora existir uma vacina se comenta mais sobre a doença. “Agora se tem a vacina para quem tem o VVZ (Vírus Varicela Zóster) que é indicada para quem tem mais de 50 anos. Mas a herpes é uma família que tem oito vírus e os tipos mais comuns são a labial, que afeta entre 50% e 60% da população, a genital e a herpes Zóster que segue o caminho dos nervos, é muito dolorosa e deixa uma sequela de dor. A Zóster também é chamada de cobreiro, porque as lesões seguem como um caminho de cobra, por isso esse nome”, explica o médico.

Segundo Furtado, diferente da labial e da genital, a herpes zóster pode aparecer em várias partes do corpo. Mas tanto uma como outra têm tratamento, porém é importante saber também que quem tem herpes a terá para a vida toda, porém nem todos os que têm o vírus vão desenvolver a doença, pode demorar anos para que ela se manifeste. “Isso pode ocorrer em um período com uma queda da imunidade, que pode ocorrer por um tratamento de quimioterapia, por exemplo, ou em pacientes com alguma imunodeficiência e até problemas emocionais podem fazer aparecer as lesões”, explica o médico. “O diagnóstico é simples, pode ser feito clinicamente e o tratamento é com medicamento e que a rede pública disponibiliza”, aponta.

A infectologista Elaine Matsuda também diz que não percebeu o aumento de casos. Ela também considera que o assunto é mais frequente pelo marketing da vacina. “Não tenho notado o aumento do número de pacientes com herpes genital, labial ou zoster, o que a gente tem visto é um marketing importante sobre a vacina zoster, o que tem feito pacientes procurarem informação, mas em relação a frequência não percebi mudança”.

A médica diz que uma queda da defesa do organismo, mesmo não sendo muito grave pode desencadear as lesões. “Vai acontecer anos e anos depois da infecção, em um momento em que a defesa baixa e nem precisa ser uma doença muito grave, pode ser um período de mais estresse. Os dois são relacionados; o período de estresse e quando a defesa diminui, aí tem a manifestação”, explica.

A especialista diz que a vacina para a herpes zóster só tem na rede particular e não é barata. “A vacina é indicada em bula para maiores de 50 anos. Nas clínicas tem e o custo é de cerca de R$ 1.000 e tem reforço em dois meses. Se essa imunidade vai ser para o resto da vida a gente não sabe ainda porque ela é muito nova, mas confere proteção das formas mais greves, isso é fato”, analisa. Elaine diz que por a zóster deixar uma dor muito importante é que a vacina é indicada. “A inflamação que ela deixa resulta numa dor muito importante, às vezes incapacitante, a ponto de ter que tomar remédio para o resto da vida, por isso é importante estar vacinando”.

Crianças

Não é muito comum casos de herpes zóster em crianças até porque a vacina contra a catapora, que faz parte do calendário de vacinação, garante a imunização nesta faixa de idade. Mas há casos de herpes tipo 1 (labial). “No primeiro contato com o vírus a criança desenvolve um quadro de estomatite, com aftas muito dolorosas”, completa a médica.

Casos

Em Diadema houve um alta mais significativa de casos. De janeiro a maio do ano passado foram 39 casos com CID (Classificação Internacional de Doenças) para herpes. Neste ano, no mesmo período, foram 56. Nesta conta não estão os casos de zóster, que não foram informados. Além do atendimento nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) os pacientes encontram orientação também no Centro de Referência em Infecções Sexualmente Transmissíveis/Aids e Hepatites Virais, composto por ambulatório especializado em infectologia, onde ocorrem as consultas clínicas agendadas, e Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado no 2º andar do Centro de Especialidades Quarteirão da Saúde. O CTA atende sem necessidade de agendamento prévio, de segunda à sexta, das 9h às 16h, com equipe multidisciplinar (psicólogos e enfermeiros) voltada à estratégia para qualidade do diagnóstico e atenção à saúde.

Em Ribeirão Pires, apesar dos pouco casos, também houve aumento de quatro para seis casos comparando os cinco primeiros meses deste ano com o mesmo período do ano passado.

Já em São Bernardo, o número de casos é bem maior, porém foram menos atendimentos em relação ao herpes neste ano. “Entre janeiro e maio de 2023, foram registrados 732 casos que envolvem herpes. No mesmo período deste, o número é 543. Os casos de herpes zoster são os mais frequentes. O acesso é realizado por meio de encaminhamento da Rede de Atenção à Saúde (RAS) ou através de procura espontânea. O interessado deve comparecer ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), na Policlínica Centro, na avenida Armando Ítalo Setti, 402 – Baeta Neves. Mais informações pelo telefones: 0800 7723233 | (11) 2630-6420 | 2630-6351 | 2630-6371. Os atendimentos são realizados em dias úteis, de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. Os atendimentos no CTA são realizados em dias úteis, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h”, informa a administração municipal.

Santo André informa que conta com o exame para detecção de herpes (zóster e simples) em toda a rede. “O Centro Médico de Especialidades Vila Vitória, referência Municipal em Infectologia, é onde os casos de maiores comprometimentos associados a demais patologistas podem ser encaminhados”, disse o paço andreense, que não informou o número de casos. Rio Grande da Serra informou que não teve atendimentos para este tipo de doença. Ribeirão Pires, Mauá e São Caetano não responderam.

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