
A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella pertussis, que atinge desde recém-nascidos até idosos, mas acomete especialmente menores de dois anos. No ABC, cerca de 27 mil crianças foram vacinadas contra a doença até junho de 2024, em Santo André, São Caetano e Diadema, únicas cidades que imunizaram contra a doença na região.
Em Santo André, houve 4 casos da doença em 2023 e nenhum neste ano. Com 15.287 doses aplicadas em 2024, a cidade segue um Calendário Vacinal do Ministério da Saúde, todas as crianças menores de 1 ano, devem receber 3 doses do esquema primário, 1° reforço com 1 ano e 3 meses e 2° reforço com 4 anos.
Porém, qualquer criança que comparecer nas Unidades de Saúde, menor de 7 anos, sem doses da vacina, terá seu esquema vacinal atualizado, acima de 7 anos a vacina está indicada para gestantes, puérperas e indicações do Manual do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais de Santo André.
Neste ano, São Caetano aplicou 3.981 doses em prevenção da coqueluche, detectou dois casos em 2024 e nenhum em 2023. A vacina com o componente coqueluche está disponível para crianças menor de 1 ano, como pentavalente, e esquema primário composto por 3 doses. Para crianças maior de 1 ano são realizados dois reforços, 1º reforço aos 15 meses e 2º reforço aos 4 anos com a vacina DTP. Todas as gestantes a partir da 20ª semana gestacional devem receber uma dose com a vacina DTPa, confere proteção via transplacentária ao bebê. As vacinas estão disponíveis em todas as UBSs (unidades básicas de saúde).
Cidades que não registraram casos
Diadema não diagnosticou nenhum caso da doença em 2023 e 2024, porém segue na vacinação até o momento, de janeiro até junho, de 8.659 crianças vacinadas contra a patologia, sendo disponibilizada em todas as UBSs do município, de acordo com o calendário vacinal oficial. Na prevenção, a cidade oferece serviços de busca ativa para identificação de possíveis casos, carro de vacina itinerante, quimioprofilaxia (quando existe contato com alguém que demonstre sintomas), entre outros.
São Bernardo também não registrou nenhum caso de coqueluche entre os dois anos, sendo o último caso confirmado em 2019. Na ocorrência de casos positivos, os pacientes são acompanhados pelas equipes das UBSs. Rio Grande da Serra segue na mesma linha, sem registros de coqueluche em sua população e, devido a não ocorrência, a cidade não aplica nenhuma campanha a favor da prevenção.
As prefeituras de Mauá e Ribeirão Pires não responderam ao RD até o fechamento da reportagem.
Importância da vacinação
Apesar de não ser frequente nos municípios, segundo o CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) de São Paulo, foram registrados 139 casos de coqueluche em 2024 no Estado. Por isso, o pediatra, infectologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Valter Pinho, reforça a importância da vacinação dos mais novos aos idosos.
Geralmente, a vacina contra coqueluche é tomada desde os primeiros anos de vida, sendo necessário o reforço aos 4 anos e aos 15, com a de tétano e difteria. A dose que une esses três componentes é a vacina tríplice bacteriana. Porém, assim como explica o especialista, a mesma só está disponível na rede privada, se tornando inacessível para parte da população.
A não vacinação pode provocar, ainda mais em crianças mais novas, quadros graves como insuficiência respiratória, broncopneumonia, infecções e eventuais hemorragias. “Os principais transmissores da coqueluche são os adultos, aqueles que não tomaram a dose de reforço como a de tétano e difteria. Pessoas com comorbidades, gestantes, crianças e idosos devem se atentar ao reforço vacinal para evitar complicações futuras”, relata Pinho.