Quem nunca recebeu uma ligação, uma mensagem pelo whatsapp, ou ainda foi abordado na rua por pessoas oferecendo empréstimo consignado? Essa é uma situação muito comum, mas que tem levado muitas pessoas ao desespero com suas finanças, gente que perdeu a única renda que tem porque ela ficou comprometida com o pagamento de empréstimos que nem desejavam ter feito. Os idosos, pela sua fragilidade e pouca compreensão de como se dão as autorizações digitais para esses contratos, são vítimas fáceis.
Para falar do assunto o RDTv desta segunda-feira (22/07) recebeu a diretora do Procon de Santo André, Doroti Gomes Cavalini, que relatou que as fraudes vitimando idosos com o crédito consignado continuam frequentes, mesmo com a atuação dos órgãos de defesa do consumidor e as denúncias feitas pela imprensa. “Não tenho números exatos, mas a gente percebe que é um número expressivo, onde as pessoas só percebem quando falta dinheiro da aposentadoria ou da pensão. Aí tira extrato do INSS ou bancário e vai ver que esse valor caiu a menor, muitas vezes por empréstimos consignados não autorizados”,
Esses empréstimos são feitos sem que o cliente saiba. Acontece por uma ligação telefônica, em que o interlocutor reproduz todas as informações bancárias da vítima. “Aí dizem que a margem de crédito aumentou, oferecem a quitação de um empréstimo fazendo outro com mais parcelas ou com valores maiores. Muitas vezes renegociam o empréstimo desse consumidor, devolvem um troco mínimo e o idoso, principalmente, vem sendo muito lesado por meio dessas fraudes do crédito consignado”, diz Doroti.

O idoso é uma presa fácil para os fraudadores e a forma como eles chegam a esses dados do consumidor é que caracteriza a fraude. “Isso mostra que os bancos não dão segurança. A gente tem uma súmula que responsabiliza os bancos, se vazou o dado do consumidor só pode ser de uma maneira; é pelo banco. Por isso se deve ter cuidado ao passar dados bancários; quando tira foto segurando o RG na mão, porque isso é uma assinatura eletrônica de um contrato e o consumidor nem sempre tem conhecimento. Vão dizer que é uma atualização do cadastro do banco, ou cadastro do INSS mas não é nada disso, é uma assinatura eletrônica para um novo contrato que ele não está solicitando”, explica a diretora do Procon andreense.
O Judiciário acaba sendo a opção do consumidor para responsabilizar os fraudadores e tentar recuperar seu dinheiro e o Procon pode ajudar e iniciar a compilação da documentação para isso. “O consumidor sai daqui com tudo documentado, com termo para ingressar judicialmente e demonstrar essa vulnerabilidade dele diante do que acontece”, orienta Doroti Cavalini.
Calçadões
Nos calçadões de comércios sempre há pessoas abordando gente na rua, principalmente idosos, oferecendo crédito. “Esses são os conhecidos pastinhas, que até vão ao banco junto com a vítima quando ela não sabe usar a máquina. Eles vão lá e fazem a transação para o consumidor. Então se o idoso for até um destes escritórios, nunca deve estar sozinho, pois esses fraudadores têm uma lábia muito boa. Já atendemos casos de idosos que tem 10 e até 12 empréstimos e aí ele não consegue mais manter a casa porque não recebe nada e, no desespero, faz um empréstimo bancário com juros de 10% ao mês para pagar os outros empréstimos e acaba com uma dívida maior ainda, isso é uma coisa que nos assusta e preocupa muito. Teve uma moradora que nos procurou dizendo que estava comendo no Bom Prato, porque não estava sobrando dinheiro da sua aposentadoria nem para fazer uma despesa para casa”, conta.
Precauções
A primeira precaução recomendada pela diretora do Procon de Santo André é evitar o empréstimo. Outra é bloquear a concessão de empréstimos consignados à aposentadoria. “Assim que receber a resposta do INSS de que a aposentadoria foi concedida, vá lá no site Meu INSS, na aba Meus Pedidos, e faça o bloqueio do crédito consignado”, explica.
Outra dica é evitar que outras pessoas façam acesso à sua conta Gov.br e usem como contato telefone e e-mails que não são os seus. “Também sempre desconfiar do que vem por mensagens de whatsapp, facebook, TikTok. Cuidado com histórias, do tipo saiu o 14° salário, coisas que iludem principalmente os idosos”, diz a diretora do Procon.