Para promover a luta pelo incentivo à amamentação, em 2017 foi instituído o Agosto Dourado, marcado por ações voltadas ao tema, como na realização de palestras e eventos, reuniões com a comunidade e divulgação de tópicos do assunto em espaços públicos. Em entrevista ao RDtv, a enfermeira, conselheira do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) e docente na FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Sonia Angelica Gonçalves, comenta sobre as ações do Conselho para o próximo mês, bem como explica algumas questões envolvendo os benefícios do aleitamento materno.
Através do canal do YouTube, a partir do dia 7 de agosto (quarta-feira), às 17h, o Coren-SP oferece palestras semanais sobre as maiores dificuldades enfrentadas por mães para amamentar seus filhos. “A amentação é uma bandeira importante para a saúde, pois garante benefícios aos envolvidos. Falar do assunto é importante para orientar as mães a tomarem a melhor decisão”, diz Sonia.
Para a criança, o aleitamento materno reduz o risco de diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia e obesidade na vida adulta, favorece o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento da face e da fala, bem como da respiração, e para a mãe fornece vantagens como proteção contra câncer de mama e diabetes tipo 2, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho.
O evento, além de comentar sobre os benefícios do aleitamento materno, traz tópicos menos abordados sobre o tema, como a “romantização” do amamentação. A conselheira explica que pouco se fala sobre os desafios enfrentados, como por exemplo o surgimento de lesões nas mamas, dificuldade na descida do leite (apojadura) e bebês com dificuldades para abocanhar o mamilo (causando lesões). A orientação se torna peça-chave para mães entenderem a maneira certa de amamentar.
A ação do Conselho traz outras questões que também causam dúvidas nas mães. Uma delas envolve o “leite empedrado”, nome popular para uma condição caracterizada pelo acúmulo de leite nas mamas. Geralmente, esse acúmulo ocorre nos primeiros dias de aleitamento materno, causando dor e dificuldade para amamentar. “Antigamente recomendavam usar uma compressa quente para aliviar os sintomas, o que é um equívoco. Essa prática causa vasodilatação e aumenta a produção de leite, deixando o leite ainda mais empedrado”, explica a especialista, que sugere utilizar de uma compressa em temperatura ambiente para amenizar o problema.
Para as mães que realizaram cirurgias plásticas ou implantaram silicone, o cuidado é redobrado. É importante realizar a higienização da mama, ainda quando exposta a micro-lesões advindas do bebê, para evitar contato com tecidos, como o sutiã. Por isso, se recomenda o uso de protetores de silicone, que devem ser constantemente higienizados e precisam de furos para ventilação, evitando a proliferação de bactérias na região.
O evento também aborda os casos de mães que possuem insuficiência na produção de leite, oferecendo orientação e sugestões para a compensação do aleitamento materno, como a utilização da fórmula láctea, que não substitui, mas oferece nutrientes suficientes para bebês. Nesse caso, uma boa ingestão de líquidos e amamentar o recém-nascido potencializa a produção do leite. Além disso, é recomendado a amamentação até os seis meses de vida, introduzindo à criança outros alimentos e mesclando com o leite materno até os dois anos.
“Amamentar é amor e carinho. Como sempre trabalhei com bebês, notei que crescem mais felizes e saudáveis. Por isso, é importante aproveitar do Agosto Dourado para abordar o tema de modo à conscientizar as mães, apresentando os prós e contras da prática e deixando-as tomar a própria decisão”, comenta Sonia.