
As prefeituras do ABC se mobilizam com a chegada do Agosto Dourado, mês que incentiva o aleitamento materno. Dentre as atividades estão a interação com as UBSs (unidades básicas de saúde), palestras, cursos e orientações sobre a maneira certa de amamentar. Mas mesmo com informações, o ato de amamentar é sempre um desafio para as mulheres. Algumas têm a jornada tranquila enquanto outras enfrentam dificuldade, porém exercem a maternidade e curtem felizes os filhos.
Moradora de Mauá, Raphaela Zanit (27), mãe do Bernardo de 7 anos e do Matteo de 2, decidiu amamentar os filhos e buscar orientações antes. “Particularmente sempre amei isso, sinto um contato único, ver que o leite que sai de nós, mãe é o alimento que mata a fome daquele ser que geramos. Sentimento único, mas exaustivo também”, comenta. Raphaela diz que quis amamentar pelos benefícios e o quanto fazem bem.
Raphaela diz que enfrentou dificuldades nos primeiros meses de amamentação, principalmente no primeiro filho, pois sofreu com rachaduras e mastite nas mamas. “Não tive muita rede de apoio e o pouco que tive não tinha muita experiência com amamentação, falavam que o ideal era só até os 6 meses, e que era ‘louca’ por estender tantos anos”, diz ao a mãe que amamentou os meninos até cada um completar dois anos.
Essa realidade nem sempre é possível para outras mulheres, como Nathalia Araújo (26), mãe da pequena Helena, de 3 anos, também moradora de Mauá. “Vejo a amamentação uma coisa linda, sagrada, pois acho muito interessante como o corpo oferece um alimento tão rico e necessário para um bebê ficar meses somente com o leite”, diz. Diferente de Raphaela, Nathalia amamentou por apenas quatro meses. Conta que o fator estresse atrapalhou na produção de leite e, com isso, Helena perdeu peso, o que a fez buscar outras alternativas.
Nathalia diz que se arrependo de não amamentar por mais tempo. “No meu caso, sei que não foquei em ter uma ótima alimentação e também deixei fatores externos, como estresse e ansiedade afetarem a produção do meu leite. Também tem a questão do elo, de mãe e filha. Todo mundo fala que as mães que não têm o elo de mãe e filha tão forte é porque vem da mãe que não amamenta. Então, um dos meus maiores medos era não criar esse elo com a Helena, só pelo fato de não ter amamentado o tempo todo”, comenta.
Nathalia teve o parto na rede pública e conta que recebeu incentivo de médicos e outros profissionais para investir na amamentação desde o pré-natal. “Quando comecei a ter dificuldades, logo percebi que a Helena começou a perder peso, então a médica receitou alguns remédios para estimular a produção de leite. Infelizmente não foi o suficiente, mas vejo a rede pública como incentivadora da amamentação”, diz.
Redução do risco de doenças
De acordo com a Medicina, o aleitamento materno reduz o risco de diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia e obesidade na vida adulta. Além disso, favorece o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento da face e da fala, bem como da respiração do bebê. Para a mãe, fornece vantagens, como proteção contra câncer de mama e diabetes tipo 2, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho.
Segundo a enfermeira, conselheira do Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) e docente na FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Sonia Angelica Gonçalves, a amamentação parte de uma escolha inteiramente da mãe. “Amamentar é amor e carinho. Como sempre trabalhei com bebês, notei que crescem mais felizes e saudáveis. Por isso, é importante aproveitar do Agosto Dourado para abordar o tema de modo a conscientizar as mães, apresentar os prós e contras da prática e deixar a própria gestante tomar a decisão de amamentar ou não”, diz.
Amamentação tratada pelo poder público e privado
As prefeituras do ABC aproveitam a campanha do Agosto Dourado para incentivar o aleitamento materno. Em Santo André, banners com orientações sobre amamentação, também em libras e em inglês, serão espalhados em alguns setores do Hospital da Mulher, como pronto atendimento, maternidade e Banco de Leite Humano.
Também em Santo André, acontece no dia 30 de agosto (sexta-feira), na Faculdade Anhanguera, o III Simpósio de Aleitamento Materno da Atenção Primária à Saúde.
Já Mauá possui o programa “Mãe Mauaense – Semeando Vidas”, que capacita gestantes por meio de diagnósticos rápidos, acesso ao planejamento reprodutivo, garantindo a assiduidade nas consultas (do pré-natal ao puerpério), além da entrega de um enxoval (que inclui dois macacões, dois bodies, dois culotes, manta, trocador, toalha de banho, dois pares de meias e bolsa térmica) ao completar 35 semanas de gestação e realizar o exame de strepto (cotonete) na UBS.
Em Diadema, o aconselhamento em amamentação inicia no momento do pré-natal para todas as gestantes, nas UBSs, com a Estratégia de Saúde da Família. A assistência às gestantes é oferecida por meio de consultas mensais com médicos e enfermeiros. As equipes multiprofissionais, compostas por nutricionistas, educadores físicos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, entre outros, oferecem atendimentos em grupos ou individuais. Para a campanha, o município promoveu a sua primeira atividade no dia 1° de agosto, a Semana Mundial de Aleitamento Materno, no Teatro Clara Nunes.
São Bernardo também quer estimula doação de leite
Com o estoque do banco de leite humano baixo, São Bernardo busca no Agosto Dourado estimular a doação e conscientizar a população sobre a importância da amamentação, especialmente nos primeiros seis meses de vida do bebê. Durante o mês, os equipamentos de saúde do município promovem a sensibilização e o incentivo à amamentação, com palestras, gincanas e dinâmicas com os funcionários e pacientes.
Durante o ano, São Caetano oferece na Casa da Gestante oficinas que abordam o aleitamento, disponíveis duas vezes ao mês, das 7h às 17h, tanto para puérperas quando para gestantes esclarecerem suas dúvidas. Esse suporte se refere a toda e qualquer dificuldade em relação ao aleitamento materno, cuidados nutricionais, cuidados com o bebê no pós-parto. Durante o mês, a Casa da Gestante capacita funcionários da maternidade em parceria com o Complexo Hospitalar de Clínicas.
No dia 29 de agosto será realizado encontro com gestantes, puérperas e mães que tiveram sucesso na amamentação exclusiva, e também as que não tiveram sucesso a fim de ocorrer uma troca de experiências.
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