
A imagem de um cachorro sendo puxado por um carro através de uma corda, chamou a atenção de internautas e da imprensa nesta semana. O episódio aconteceu em Santo André. Muitos julgaram a atitude como maus tratos e nem o pronunciamento da tutora do animal ao dizer que o pet tinha caído no Tamanduateí e estava sujo da água contaminada do rio, arrefeceu os ânimos. Veterinários ouvidos pelo RD também consideraram a situação como maus tratos e, nessa mesma linha, a polícia investiga o caso.
A cena foi gravada no domingo (4/8) por alguém que seguia um veículo vermelho puxando um cachorro de porte médio por uma corda. O motorista dirige devagar e o animal acompanha o ritmo do veículo. Está sol e o carro passa por vias de movimento.
A tutora veio em rede social explicar que o seu cachorro fugiu, foi encontrado dentro do rio Tamanduateí, na avenida dos Estados. Operários de uma obra o resgataram e novamente ele teria fugido, mas reconheceu a casa dos pais da tutora, no mesmo bairro e o pai dela teria conduzido o animal de volta para casa. Segundo a tutora, puxar o cachorro, invés de colocá-lo dentro do carro, teria sido atitude tomada diante do fato do animal estar todo sujo com água contaminada.
A explicação não contentou quem assistiu ao vídeo. Para a veterinária e professora da Universidade Metodista de São Paulo, campus São Bernardo, Gabriela Sibaldo Diniz, houve maus tratos. “Acredito que seria uma situação de risco e negligência do tutor. É uma avenida movimentada, a corda fica esticada algumas vezes durante o trecho do vídeo. Aparentemente é realmente uma situação passível de denúncia, investigação e recolhimento do animal”, analisa.
A tutora chegou a falar em público que o animal é bem cuidado, está na família desde que foi adotado ainda filhote e que nunca houve intenção de mau tratá-lo. Disse ainda que levaria o cachorro ao serviço veterinário da Prefeitura para a desinfecção e tratamento, porém a Prefeitura de Santo André informou que não foi acionada para o caso.
A encarregada de Bem-Estar Animal da Prefeitura de Santo André, Daniela Victor da Silva Freire, também considera que o caso é de maus tratos e que não houve nenhuma denúncia feita à Prefeitura. “Qualquer situação que põe em risco a vida do animal, como manter amarrado com uma corrente curta, não ter acesso a água ou comida, ficar ao sol sem abrigo, são situações consideradas maus tratos, bem como transportar o animal de forma inadequada, como foi feito neste caso”, avalia.
Caixa de transporte
A encarregada disse ainda que a situação pode ser enquadrada também uma infração de trânsito, já que expôs o animal a risco de acidente, situação que poderia vitimar também outras pessoas. “Se alguma coisa assusta o cachorro e ele corre para debaixo do carro ele poderia ter sido atropelado. Além disso, estava sol e o asfalto quente pode ter causado queimaduras nas patinhas. Se a preocupação era com contaminação, ou sujeira no carro, uma caixa de transporte resolveria. Por isso, se o caso tivesse sido apresentado a nós, o nosso parecer seria de maus tratos”, afirma.
O caso foi parar na polícia, que já iniciou as investigações e oitivas das partes e a apuração segue também na linha dos maus tratos. “O 5º Distrito Policial de Santo André instaurou um inquérito para investigar todas as circunstâncias do caso. Os envolvidos prestaram depoimento na delegacia e seguem sob investigação. A autoridade policial analisou o laudo médico-veterinário do animal, que indicou maus-tratos, e está realizando outras diligências para esclarecer os fatos”, informou a Secretaria de Segurança Pública, em nota.
“Geralmente quando se verifica situações em que o animal está sendo maltratado, que estão batendo nele, a nossa orientação para o denunciante é chamar a polícia, que pode agir imediatamente em situações como essa. Depois o departamento pode fazer o atendimento. Se a polícia demora e quem vê a situação percebe risco de morte do animal e o agressor não está mais por perto, a recomendação é que traga-o para atendimento urgente. A Prefeitura de Santo André tem um hospital veterinário para cuidar destes casos”, continua Daniela.
Em Santo André as solicitações e denúncias podem ser feitas pelo telefone 0800-191944 ou pelo aplicativo Colab. O RD tentou, sem sucesso, contato com a tutora do cachorro. O espaço está aberto para que ela se manifeste e, caso isso ocorra, esta matéria será atualizada.
Veja vídeo: