
Entre os dias 6 e 15 de setembro será realizada uma das maiores feiras literárias da América Latina, a 27ª Bienal Internacional do Livro de SP, que reúne escritores, editoras e leitores em um só lugar. Serão nove espaços culturais com a presença de 330 autores nacionais e internacionais. O evento acontece primeira vez no Distrito Anhembi (avenida Olavo Fontoura, 1209 – Santana, São Paulo). Do ABC, vários autores e autoras também pegam carona para lançar obras e promover rodas de conversa.
Lançar um livro já é uma realização e quando se trata da Bienal, o sentimento é redobrado, como para os iniciantes Beatriz Sernagiotto, 23 anos de São Caetano, Alana de Oliveira Marin, 25 anos e de Mauá, e João Henrique Ferreira de Sá Silva, 22 anos e da Capital. O trio lança “Não Se Esquenta a Solidão com Mãos Frias”, junção de três contos de cada um dos autores: Cemitério das Flores Azuis (Alana), Privada (Beatriz) e Novo Silêncio (João Henrique). Cada história envolve inspirações e referências únicas, e discutem impunidade, reflexões e falta de comunicação.
‘Não Se Esquenta a Solidão com Mãos Frias’
O trio se conheceu no Curso de Dramaturgia da Fundação das Artes de São Caetano, onde criaram uma dramaturgia de até 20 páginas com ajuda dos professores. “Chamei os colegas interessados para transformar nossas dramaturgias finais em uma publicação física. No começo éramos em seis pessoas, até tornar três. Como todo trabalho em grupo, houve discordâncias e tentativas de se chegar em uma opinião unânime, mas no fim, fizemos ‘Não Se Esquenta a Solidão com Mãos Frias’ acontecer”, comemora Beatriz.
Para participar da Bienal, é preciso que uma obra alcance 200 livros vendidos para se tornar top-seller e ser exposto no evento, desafio que para Beatriz era pouco provável conseguir. “Tínhamos um mês para isso se realizar, parecia impossível. Eu tentei aceitar a ideia, mas mesmo assim, parecia errado. Sou teimosa”, diz.
Até que após fazer o chá revelação da capa e um jantar, ficou surpresa que em duas horas o livro atingiu o top-seller. “Não acreditei. Liguei para a Alana e para o João e gritamos, choramos, ficamos extasiados em ir para a Bienal do Livro, pela primeira vez, como escritores”, conta emocionada.
Beatriz, Alana e João Henrique estarão presentes no estande da editora Uiclap nos dias 7 e 8 de setembro, sábado e domingo, na Bienal, com 100 sacolas personalizadas com poemas, caixa de spoilers e brindes, além do próprio livro.
Contos infantis e dia a dia
No estande da Editora Scortecci estará Alcidéa Miguel, 62 anos e de Santo André. Escritora e musicista, Alcidéa lança três obras: as infantis “Dafiny, A Nova Descoberta” e “O Diário dos Meus Crespos Versáteis”, e o livro para adultos “Histórias que Ouvi e Vivenciei”.

Cada história é única, como nas obras infantis que abordam temas, como coragem, companheirismo e autoaceitação na infância. Já “Histórias que ouvi e vivenciei” traz um lado mais maduro com 16 narrativas que discutem amor, medo, cotidiano, animais, pessoas em situação de rua e discriminação, e o leitor é envolvido pela emoção, suspense e encorajamento.
“Me sinto honrada e feliz por participar de mais uma Bienal do Livro de São Paulo, principalmente porque em 2024 é o décimo ano consecutivo que lanço minhas obras literárias”, comemora Alcidéa.
Na Bienal, a autora lança no dia 12 de setembro, quinta-feira, das 12h15 às 13h45, as obras “Dafiny, A Nova Descoberta” e “O Diário dos Meus Crespos Versáteis”; e no dia 14 de setembro (sábado) o livro “Histórias que Ouvi e Vivenciei”, das 14h às 15h30.
Ziraldo e lançamentos
No dia 7 de setembro, sábado, às 15h, no Espaço Infância, acontece o “Hora Maluquinha: Cada Um Mora Onde Pode”, que chama o público para debater sobre as obras de Ziraldo, como o famoso ‘O Menino Maluquinho’. Quem rege a ação é Manuel Filho (56), de São Bernardo, que já trabalhou com grandes nomes das histórias em quadrinhos, como Ziraldo e Maurício de Sousa.

“É sempre uma alegria falar do Ziraldo, sobre a marca grande e importante que ele deixou para a história da literatura brasileira”, diz. Manuel foi responsável por escrever o primeiro livro que juntou a Turma da Mônica com a Turma do Menino Maluquinho, o “Mônica e o Menino Maluquinho na Montanha Mágica”.
Na Bienal, Manuel Filho lança o livro criado junto com Maurício de Sousa, “Turma da Mônica – Alguém me tire daqui!”, com direito a roda de conversa sobre Ziraldo no mesmo dia 7. Além disso, expõe suas oito obras que lançou em 2024, todas infantis.
Do autor para o leitor
Em uma rotina que encontra pouco tempo para ler, bem como com o advento das redes sociais que entregam entretenimento de forma instantânea, parar um momento do dia para se dedicar à leitura vira raridade. Mas esse não é o caso da estudante de biomedicina Júlia Scheffer Lapa, 19 anos e de Mauá, que faz questão de dedicar pelo menos 30 minutos do seu dia à leitura.
Fã de livros com gêneros como true crime, terror e comédia romântica, Júlia visitará a Bienal pela primeira vez, e espera encontrar boas obras na feira. “Nunca fui, será a primeira vez e as expectativas estão altas. Espero que tenha uma grande diversidade de gêneros e autores, e temas importantes como o impacto da tecnologia no mercado literário”, diz.
Para a estudante, a leitura ainda existe, mas tem diminuída por conta das redes sociais, e por isso, se vê necessário incentivar mais a leitura em áreas com pouca informação. “A leitura é uma forma de viajar, explorar mundos, histórias e conhecimentos novos e diferentes, que nos conectam com outras culturas e ideias, além de fortalecer nossa criatividade e pensamento crítico”, ressalta.
Ingressos e horários
Realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e organizada pela RX, a 27ª Bienal Internacional do Livro de SP tem ingressos para cada dia, que custam R$ 35 a entrada inteira e R$ 17,50 a meia-entrada. Veja os horários:
Dias 06/9 e de 09 a 13/9 – das 9h às 22h;
Dias 07, 08 e 14/9 – das 10h às 22h;
Dia 15/9 – das 10h às 21h;
Local – Distrito Anhembi – Rua Olavo Fontoura, 1209, bairro Santana, São Paulo.