Com o fim do mês de agosto, chega também o encerramento da campanha Agosto Dourado, que visa incentivar as mães a adotarem o aleitamento materno para seus bebês. Durante os primeiros meses de vida, o leite materno é o principal alimento dos recém-nascidos, mas algumas mulheres ainda desconhecem seus benefícios, o que pode prejudicar tanto a mãe quanto o bebê.
Em entrevista ao RDtv, o diretor do curso de Medicina da Universidade de São Caetano (USCS) e membro do Conselho Nacional de Aleitamento Materno, o ginecologista obstetra Sérgio Makabe, discute as razões pelas quais algumas mães optam por não amamentar e ressalta a importância da amamentação para o desenvolvimento da criança.
De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, publicado em 2021, a prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de seis meses no Brasil era de 45,8%. “O leite materno é um alimento de ouro, e por isso tem relação com o Agosto Dourado. Todas as substâncias nele contidas foram feitas especialmente para o bebê, incluindo proteínas, carboidratos e lipídios que o protegem”, afirma Makabe.
Além de fortalecer o sistema imunológico do recém-nascido, a amamentação também melhora o estado cognitivo, essencial para o desenvolvimento futuro, inclusive na escola. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é recomendado que o bebê seja alimentado exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida e, após esse período, que a amamentação seja combinada com outros alimentos até os dois anos.

Makabe também destaca que a amamentação traz benefícios para as mães, como a redução do risco de câncer de mama e ovário, além de diminuir a possibilidade de doenças crônicas, como hipertensão, colesterol alto e diabetes tipo 2. Para estimular a amamentação, o especialista ressalta a importância do pré-natal. “Às vezes, a decisão de não amamentar vem da falta de conhecimento e incentivo. Por isso, é fundamental que o obstetra sensibilize as mães sobre a importância da amamentação.”
A questão estética também pode influenciar a decisão de algumas mães, especialmente aquelas que desejam preservar a aparência das mamas ou que passaram por procedimentos estéticos como a colocação de silicone. No entanto, o obstetra esclarece que, em geral, “a mulher pode amamentar normalmente, pois o silicone não contamina o leite, que é transportado pelos ductos mamários até o bebê”.
Além disso, mães que não conseguem amamentar podem contribuir para o aleitamento materno através da doação de leite aos bancos de leite das maternidades públicas. Essa doação ajuda recém-nascidos, principalmente prematuros, garantindo que recebam os benefícios do leite materno nos primeiros meses de vida.