
Estima-se que no Brasil cerca de 2 milhões de pessoas tenham insuficiência cardíaca, doença crônica e progressiva que afeta não apenas o coração, mas também a qualidade de vida do paciente. Nesse contexto, as admissões hospitalares frequentes são comuns: entre 30% e 40% dos pacientes internados com insuficiência cardíaca são readmitidos dentro de seis meses após a alta hospitalar. A readmissão hospitalar aumenta em pelo menos três vezes o risco de morte.
Neste Setembro Vermelho, mês dedicado aos cuidados com o coração, esses dados destacam a importância do monitoramento contínuo de pacientes com insuficiência cardíaca – uma síndrome caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue de maneira eficiente, devido a anomalias estruturais e/ou funcionais.
O cardiologista Marcelo Montera, coordenador do Centro de Insuficiência Cardíaca do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, destaca três ações essenciais que devem ser realizadas antes da alta hospitalar para reduzir a readmissão e a mortalidade cardiovascular:
- Prescrever os principais medicamentos que comprovadamente reduzem desfechos adversos;
- Orientar os pacientes a tomarem os medicamentos corretamente e a comparecerem regularmente às consultas, para que o profissional responsável possa avaliar o caso, ajustar as doses se necessário, e realizar o acompanhamento adequado.
- Ajustar as doses para alcançar pelo menos 50% da dose máxima recomendada. Nesse contexto, o uso de NT-proBNP desempenha um papel fundamental, para redução no risco de readmissão e morte. Pacientes com redução de níveis de NT-proBNP têm melhores desfechos que pacientes sem nenhuma mudança ou com aumento nos níveis dos biomarcadores.
O teste NT-proBNP, portanto, é um grande aliado nesse acompanhamento, sendo um instrumento objetivo e fácil de usar para monitorar e melhorar os desfechos⁶. “O monitoramento é clínico e pode ser associado a métodos que auxiliam os médicos a detectar e prever o desenvolvimento da insuficiência cardíaca. No caso do monitoramento com o exame de NT-proBNP, a partir do momento em que o profissional já tem medidas prévias do grau de IC, ele consegue estabelecer um valor relativo de acompanhamento e verificar o quadro do paciente, desde que seja feito de forma seriada e individualizada”, explica o especialista.
A Roche Diagnóstica, líder mundial em diagnóstico in vitro, possui o teste NT-proBNP e patrocinou o estudo STRONG-HF, que demonstrou a eficácia da intensificação terapêutica guiada por parâmetros clínicos e biomarcadores cardíacos por meio de seu ensaio Elecsys NT-proBNP na redução de desfechos indesejáveis em pacientes admitidos com insuficiência cardíaca aguda. O estudo clínico randomizado publicado na revista The Lancet, em 2022, contemplou mais de mil participantes admitidos com insuficiência cardíaca aguda, em 87 centros espalhados em 14 países em diferentes continentes⁷.
No estudo foram avaliados desfechos como reinternações, qualidade de vida e mortalidade entre o grupo de intensificação terapêutica e grupo controle por 6 meses. Os pacientes que receberam o tratamento intensificado baseado em critérios clínicos e avaliação dos níveis do marcador NT-proBNP apresentaram um risco 34% menor para reinternação por insuficiência cardíaca e mortalidade por todas as causas em comparação ao grupo controle. Além disso, foi observado ganho na qualidade de vida no grupo que recebeu o tratamento intensificado.
“Esse estudo é necessário para estabelecermos protocolos de acompanhamento e mostra que o cuidado tem que ser focado em ações que possam resultar em redução de reinternações e melhora do quadro clínico. No entanto, a conscientização do paciente é imperativa, pois ele precisa conhecer e entender a sua doença, sempre tirando todas as dúvidas com o médico, dessa forma, colaborando para o acompanhamento do seu caso”, reforça o cardiologista Marcelo Montera.