ABC - sábado , 19 de abril de 2025

Restaurantes com décadas de tradição fecham as portas na região

Varandão anunciou o fechamento após mais de 40 anos de funcionamento. (Foto: Pedro Diogo)

Dois restaurantes tradicionais fecham as portas em pouco mais de um mês em São Bernardo e darão lugar a novos empreendimentos. O restaurante Caravanas, trevo do quilômetro 18 da Via Anchieta, no bairro Planalto fechou suas portas em setembro, após mais de 25 anos de funcionamento, e nesta terça-feira (01/10) a Churrascaria Varandão, com 42 anos de funcionamento, anunciou o encerramento das atividades na Vila Paulicéia. Para dirigentes de entidades ligadas ao comércio o encerramento das atividades de empresas do setor estão ligadas a uma necessidade de modernização e também de viabilidade econômica destes estabelecimentos. Novos restaurantes devem ocupar o lugar destes que fecharam.

Nas últimas décadas a região também viu desaparecer um a um os restaurantes da famosa Rota do Frango com Polenta, compostas por restaurantes que passaram gerações sob o comando da mesma família, muito tradicionais com grandes salões. Estes desapareceram por completo e deram lugar a outros tipos de negócios.

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Nos últimos tempos o Caravanas passou por algumas crises, desde a má avaliação até dificuldades com a vigilância sanitária que chegou a interditar a casa por duas vezes no ano passado com a abertura condicionada a solução de alguns problemas. Agora o prédio será inteiro substituído por uma construção mais moderna e vai dar lugar à quinta unidade da rede D´Bréscia Churrascaria, com previsão de inauguração em maio de 2025. Esta será a quinta unidade da rede de churracarias e terá capacidade para 300 pessoas, com área total de 2.200m², sendo 1.500m² de área construída e estacionamento para 100 veículos. A D´Brescia tem unidade em Santo André, duas a Capital e uma em Guarulhos.

Já o restaurante Varandão, que fecha as portas após mais de quatro décadas, surpreendeu os clientes e a região ao divulgar uma nota em sua rede social anunciando o fechamento. “Hoje, ao encerrarmos um ciclo de 42 anos na Varandão Churrascaria, queremos expressar nossa profunda gratidão a todos que fizeram parte do nosso legado. Aos amigos, clientes, parceiros, fornecedores e autoridades: Vocês foram fundamentais em cada momento, contribuindo para a história que construímos juntos. Cada visita, cada colaboração e cada apoio nos moldaram e enriqueceram essa trajetória. Embora estejamos fechando nossas portas neste endereço, fiquem atentos! Em breve, traremos novidades que vão fortalecer ainda mais nosso vínculo”, diz o comunicado.

O estabelecimento enfrentou duas crises seguidas, uma grande enchente em março de 2019 invadiu o restaurante com muita força, causando muita destruição, maquinário foi perdido e as mesas do salão flutuaram e foram arrastadas pela água. Na ocasião o proprietário Antonio Delazieri disse que amargou um prejuízo grande, não coberto pelo seguro, mas mesmo assim reabriu o restaurante dias depois, após uma rápida reforma. No ano seguinte a pandemia da covid-19 trouxe crise econômica para todos os setores e os restaurantes ficaram entre os que mais sofreram.

Clientes que frequentaram por anos o estabelecimento lamentaram o fechamento em comentários na publicação do Varandão. A relação dos clientes com o estabelecimento é de apego sentimental e até de proximidade com a família proprietária da casa. “Que notícia triste! Fomos clientes por mais de trinta e cinco anos. Antes de nos casarmos já frequentávamos o Varandão, que fez parte da história de nossa família. Sempre fomos recebidos com muito carinho por todos. Meus filhos, ainda bebês, eram levados para a cozinha e agradados pelas ‘tias’ enquanto jantávamos. Quantos momentos incríveis celebramos aí. Nos sentíamos em casa”, disse uma internauta.

Restaurante Caravanas fechou as portas no mês passado e dará lugar a mais uma unidade da D´Bréscia Churrascaria. (Foto: Google)

O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), Valter Moura Júnior, lamentou o fechamento dos dois estabelecimentos comerciais e disse que um diálogo com o poder público poderia ter ajudado a manter ao menos alguns dos estabelecimentos comerciais tradicionais na cidade. “No caso do Varandão um grupo popular de refeições deve se instalar ali. Não sei dizer porque o empresário decidiu vender, mas isso acontece quando o negócio fica difícil de manter. Sobre o Caravanas sei que um grupo vai investir ali. Eu acho que faltou um diálogo para tentar manter esses empreendimentos antigos na cidade”, avalia.

O presidente do Sehal (Sindicado Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC), Beto Moreira, essas mudanças são naturais, acontecem em todas as cidades, e podem ocorrer por vários fatores, como mudança do perfil do consumidor, custo elevado de manter um negócio grande e com muitos funcionários, entre outros fatores. “No caso do Varandão, acho que a obra que acontece naquela região apressou o processo, mas são ciclos, muitos destes restaurantes são familiares e os herdeiros não querem continuar com o negócio. O movimento antes nas fábricas do entorno diminuiu muito com pessoas trabalhando de casa, então tem uma série de coisas que podem influenciar a decisão por fechar as portas”, avalia.

Moreira considera que os negócios e a clientela mudam e chegam outras empresas para ocupar o lugar, porém ele lamenta o fim da história destes locais que se confunde com a da cidade e dos moradores mais antigos. “Certamente os que chegarem não terã oa mesma importância destas casas, mas virão com um cardápio mais aberto e uma nova proposta”, completa.

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