
Há pouco mais de um mês, o RD noticiou o drama do metalúrgico aposentado e morador de Santo André, Eduardo Pereira da Silva, que vem sendo confundido com um bandido preso por roubo na cidade de Ribeirão Preto, no interior do estado. O criminoso apresentou um documento falso com os dados de Silva e por isso os números de documentos foram parar no cadastro da policia. Na justiça o homem preso já foi identificado com seu nome verdadeiro, porém Silva continua com problemas para circular nas ruas e frequentemente é abordado por policiais com armas em punho, basta passar com seu carro por uma barreira eletrônica. Sem sucesso na busca que fez em várias departamentos públicos do Estado, o andreense procurou a justiça.
Silva já foi várias vezes conduzido à delegacia, fica por horas lá até que a polícia confirme sua versão. Em geral ele está com a família no carro e teme, um dia que algum policial atire antes de perguntar. Como está aposentado, o metalúrgico tem se dedicado à cuidar da família, ele cuida do pai que é idoso, do sogro que tem 91 anos de idade e também da sogra. No último dia 8/09, quatro dias após a reportagem do RD ir ao ar relatando a situação, a Muralha Eletrônica que fica na avenida Capitão Mário Toledo de Camargo com a Avenida Dom Pedro I, deu outro alerta de passagem de um procurado em nome de Silva. Por sorte dele, naquela ocasião não havia viaturas disponíveis para atender ao chamado e ele não foi abordado, diferente de outras ocasiões em que ele passou pelo constrangimento de ser detido e levado para a delegacia.
“Eu tenho uma casa na praia e ia sempre com a família, agora não vou mais porque na rodovia é fato que vou ser abordado, como já fui no litoral e diversas outras vezes aqui na região. Agora quase não estou saindo de casa, só para levar alguém no médico ou para fazer exames e, mesmo assim ando desviando de radares. Tudo porque um bandido montou um documento falso usando meus dados”, comenta.
Desde o dia 1° de agosto deste ano já há uma decisão judicial para que a polícia retire do cadastro o número dos documentos do morador de Santo André. No processo da prisão do verdadeiro criminoso o juiz Sylvio Ribeiro de Souza Neto, da 2ª Vara Criminal de Ribeirão Preto, despachou em favor do morador do ABC. “… para o fim de se evitar eventuais embaraços de naturezas cível e criminal para o cidadão Eduardo Pereira da Silva, oficie-se ao IIRGD para requisitar a exclusão do cadastro daquele órgão de identificação cível e criminal dos dados relativos a este processo e que foram lançados em seu nome, uma vez que o verdadeiro autor dos fatos aqui apurados foi corretamente identificado como sendo P.H.S., anotado o prazo de cinco dias para atendimento da ordem judicial”, disse o magistrado em sua decisão. Porém mesmo depois disso Eduardo Pereira da Silva, foi detido ao menos mais uma vez.
Ele disse ao RD que já procurou diversos órgãos do Estado e não conseguiu ajuda. Ele conta já ter procurado a Polícia Civil, o Detran, o Ministério Público. A solução foi procurar a Justiça. A advogada Renata Valera, assumiu o caso e disse que já ingressou com ação contra o Estado com um pedido de liminar para que o nome do metalúrgico seja excluído de todos os cadastros da polícia. A Justiça ainda avalia o processo e a advogada espera uma resposta a esta liminar nos próximos dias.
O Tribunal de Justiça de São Paulo informou, em nota, que nada pode fazer para fazer cumprir a sentença do juiz de Ribeirão Preto. “O TJSP só pode agir mediante provocação. Ou seja, se o constrangimento persiste, ele deve procurar a Justiça novamente através de seu advogado”, informou a assessoria do tribunal.
Já a Secretaria de Segurança Pública informa que desde que recebeu comunicado do TJSP corrigiu o cadastro. “O Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), vinculado ao Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), esclarece que as correções no cadastro do homem citado na reportagem foram realizadas após recebimento de comunicação oficial do Tribunal de Justiça de São Paulo”, diz a pasta.