
Há menos de uma semana do Dia de Finados (2 de novembro) as famílias não estão muito confiantes na melhoria das condições dos cemitérios municipais, apesar de inúmeras ações de limpeza e conservação que as prefeituras anunciam, dias antes da data que atrai muita gente às necrópoles. No ABC, mais de 20 mil visitantes são esperados para o feriado nos cemitérios.
Em 2023 o RD conversou com a moradora de Ribeirão Pires, Valéria Soares, que relatou uma série de problemas no cemitério municipal da cidade, como falta de manutenção e de segurança. Mato alto e o furto de peças de bronze das sepulturas estavam entre as queixas da moradora que tem vários familiares sepultados no local. Novamente em contato com a reportagem, a moradora diz que nada mudou em relação aos problemas apontados. “Na última vez que estive lá há quatro meses estava tudo igual”, comentou.
Kátia Pacheco, moradora de Santo André, desde o ano passado tem feito críticas à manutenção do Cemitério Curuçá. A moradora vai com certa regularidade ao local para visitar a sepultura do filho, que faleceu há quatro anos. Agora diz que a situação melhorou um pouco porque os restos mortais foram transferidos para uma gaveta. Apesar de reconhecer que houve uma melhora no aspecto geral, ainda falta muito, segundo ela para ficar bom. “Meu filho foi colocado nas caixinhas que a gente paga uma taxa absurda a cada três anos. Ali eu acho que só melhora quando chega perto do Dia de Finados”, comenta.
Furtos de objetos
Sobre delitos como furto de objetos das sepulturas, que a Prefeitura afirma serem casos isolados (veja nota da administração nesta matéria), Kátia diz que isso afasta as famílias. “É revoltante isto a família pagar caro nas coisas para acontecerem furtos, tem que ter guardas nos cemitérios, mas não têm”, comenta Kátia, que vai ao Curuçá, no Dia de Finados.
O furto de objetos de sepulturas em cemitérios de São Bernardo levou a Prefeitura a reforçar a segurança com a GCM no ano passado, quando foram feitas algumas prisões. Porém, a perda de objetos que foram cuidadosamente preparados pela família para adornar os jazigos afasta os frequentadores dos cemitérios. A família de Welton Rodrigues Mendes foi uma vítima; bandidos que invadiram o Cemitério da Pauliceia levaram peças de bronze da sepultura de dona Ana Maria Assoni, sogra de Mendes. Uma das peças era um adorno no formato de uma Bíblia aberta com uma mensagem e a foto da dona Ana. A peça é insubstituível, porque a família não tem mais a foto usada para confecção da homenagem.
Depois de toda essa crise, a família que ia com regularidade visitar a sepultura, diminuiu as visitas. Mendes admite que após o furto dos objetos a família, entristecida, reduziu as idas ao cemitério, mas neste Dia de Finados a família deve voltar ao cemitério da Pauliceia. “Sim, nós vamos e esperamos encontrar o lugar em melhores condições”, resumiu.
O RD indagou as prefeituras sobre a previsão de visitas para a semana do Dia de Finados, sobre a segurança, capacidade de novos sepultamentos e ações de conservação e gestão dos equipamentos públicos. São Bernardo espera cerca de três mil visitantes nos quatro cemitérios municipais (Vila Euclides, dos Casas, Pauliceia e Baeta Neves) que têm, juntos, cerca de 20 mil sepultados.
Nas quatro necrópoles de São Bernardo são realizados, por mês, média de 300 sepultamentos e, atualmente, estão disponíveis 1,2 mil vagas em jazigos. A Prefeitura diz que reforçou a manutenção e a limpeza para o feriado de Finados, e destacou também que a Guarda Civil Municipal intensificou, em 2024, as rondas periódicas em torno dos próprios municipais para inibir a ação de criminosos.
Rio Grande da Serra
O único cemitério municipal de Rio Grande da Serra espera cerca de mil visitantes no Dia de Finados; hoje tem aproximadamente 1.650 sepultados. Mensalmente esse número aumenta entre 20 a 30 sepultamentos. Sobre a quantidade de vagas para novos sepultamentos a prefeitura não soube precisar quantas são, mas salienta que as vagas são rotativas. As famílias pagam uma taxa para utilização, porém elas próprias é que devem fazer a manutenção do jazigo, como capinagem, pintura ou reforma. Quanto às áreas comuns a prefeitura diz que sua equipe fizeram a roçagem, pintura e limpeza, inclusive com pavimentação de ruas para melhorar o acesso. Sobre a segurança do cemitério a prefeitura diz que há vigilância patrimonial que funciona 24 horas por dia e também há apoio da GCM.
Ribeirão Pires
A Prefeitura de Ribeirão Pires informa que o Cemitério Municipal São José conta com aproximadamente 15 mil sepultados e com média de 60 sepultamentos por mês. E que é feita manutenção e há segurança é garantida por rondas da GCM para evitar furtos de objetos das sepulturas e roubos aos frequentadores. Para o Dia de Finados o município diz que já fez a roçagem e que a manutenção do jazigo é de responsabilidade da família. A prefeitura não tem ainda uma previsão de quantas pessoas devem visitar a necrópole no Dia de Finados.
São Caetano
São Caetano tem três cemitérios sob a gestão municipal, o Cemitério da Saudade (rua Engenheiro Armando de Arruda Pereira, 880, bairro São José), Cemitério das Lágrimas (rua da Eternidade, 263, bairro Mauá) e Cemitério São Caetano (rua Tiradentes, 231, bairro Santa Paula). A Prefeitura que não informou quantos pessoas estão sepultadas nas necrópoles, nem a média mensal de sepultamentos.
O paço sancaetanense informa que os cemitérios têm entre 750 e 800 vagas de sepultamento e que elas são suficientes para a necessidade de sepultamentos. Os cuidados como limpeza e capinagem ficam a cargo da prefeitura, que faz a gestão direta dos três equipamentos públicos. Quanto à segurança a prefeitura diz que ela é feita po agentes da Guarda Civil Municipal. Sobre o Dia de Finados a prefeitura não fez ainda uma previsão sobre o número de pessoas que deve frequentar os três cemitérios no sábado (02/11), mas diz que estará preparada para atender a esse público.
Diadema
A Prefeitura de Diadema espera que cerca de seis mil pessoas visitem o cemitério municipal na semana que antecede o Dia de Finados com maior movimento previsto para o sábado (02/11). No equipamento público estão sepultados 20 mil e todos os meses entre 170 e 180 novos registros são realizados no local.
Diadema não informou quantas sepulturas estão vagas atualmente, mas disse, em nota, que há espaço suficiente para a demanda. Quanto à manutenção dos jazigos, nos túmulos perpétuos a manutenção é da própria família, já nos columbários, cujas gavetas são utilizadas por três anos, a manutenção é exclusivamente do município.
Como nos túmulos do Cemitério de Diadema não há adornos como bronze ou outro material nobre que possa interessar a criminosos, não há registros de furtos no local. A gestão é direta do município que diz que não há interesse em privatização.
Terceirização
Santo André espera para esse Dia de Finados cerca de 10 mil visitantes nos cinco cemitérios públicos: Saudade (Vila Assunção), Cristo Redentor (Vila Pires), Sagrado Coração de Jesus (Camilópolis), Nossa Senhora do Carmo (Curuçá) e Bom Jesus (Paranapiacaba). Nestes locais estão sepultadas cerca de 100 mil pessoas. A cada mês são feitos 500 novos sepultamentos no município.
Os cemitérios da Saudade, Cristo Redentor, Sagrado Coração de Jesus e Bom Jesus têm concessões perpétuas e estão com capacidade máxima, salvo disponibilização por meio de processo de abandono, realizado em conformidade com a legislação municipal. O cemitério do Carmo, no Curuçá, é o único que tem vagas, pois os jazigos são temporários (por três anos) e esse ciclo garante, segundo a Prefeitura, atendimento para quem não possui jazigo próprio.
Os concessionários podem fazer a limpeza dos jazigos, porém reparos e reformas dever ser realizados com construtores credenciados pelo Serviço Funerário Municipal, de acordo com a legislação municipal. Sobre a segurança, o Paço andreense explica que furtos em sepulturas são casos pontuais e que há mecanismos de proteção, como muros altos com instalação de concertina (tipo de arame perfurante) para inibir invasões. A Prefeitura diz também que os cemitérios contam com câmeras e a vigilância é feita pela GCM.
Por enquanto, a gestão dos cemitérios é pública em Santo André, ou seja, o Serviço Funerário Municipal de Santo André é uma autarquia, porém são feitos estudos para concessão à iniciativa privada. A Câmara municipal inclusive já aprovou projeto de lei que prevê a terceirização do setor.
Em Mauá são dois cemitérios municipais, o Jardim Santa Lídia e Vila Vitória. O paço mauaense não respondeu aos questionamentos.