
A relação da Unimed com a professora andreense Margarete Suzano di Cicco, é complicada desde o ano passado quando, após a descoberta de um câncer de mama, o convênio médico mudou sua postura em relação a ela. Desde o início deste ano, após duas cirurgias, a última para a reconstrução da mama, o plano tentou algumas vezes descredenciar a paciente em pleno tratamento de forma unilateral. As tentativas foram barradas pela justiça e agora, o plano aumentou, sem qualquer justificativa a fatura da cliente em quase 20%.
O plano de saúde de Margarete tem apenas duas vidas; a dela e a do filho. Com o reajuste o plano passa de de R$ 2.737,02 para R$ 3.366,53. “E o medo que eu estou, se esse ano eles aumentaram tudo isso, se aumentarem mais? Eu ganho um salário de professora. Se em fevereiro ou março vier outro aumento como eu vou fazer? Eles estão querendo me pegar por aí, com aumento abusivo para ver se eu desisto e saio do convênio”, explica a professora.
Da mesma forma que das outras vezes, Margarete teve que recorrer à justiça. “Eu conversei com a minha advogada, ela me orientou a pagar essa fatura, para não ficar inadimplente enquanto se discute o valor na justiça. Eu tenho 61 anos então o aumento poderia ter vindo para o meu filho que tem 38, sendo proporcional”, explica. A professora se refere à norma de que o plano de saúde não pode ter aumento por idade do beneficiário depois que esse passa dos 60 anos.
Para a advogada Iraci de Carvalho, que representa Margarete e tem atendido diversos outros casos de negativa de cobertura e cancelamento unilateral por parte de convênios médicos, a postura da Unimed com a professora é reprovável, desde as tentativas de cancelamento. “Ela faz tratamento do câncer e chegou a ficar sem o convênio, isso trouxe um abalo psicológico muito grande, mas ela foi firme e nós conseguimos reverter, inclusive o plano foi multado em R$ 15 mil por desobediência, porque demorou para restabelecer a assistência a ela, ignorando a ordem judicial. Em casos como o de Margarete e outros pacientes que estão em tratamento ou mesmo quem precisa de terapias, os juízes estão avaliando sempre o bem estar do paciente”, comenta.
Agora Margarete terá que entrar com uma nova ação na justiça contra a Unimed, desta vez para revisão de valores. A advogada diz que a procura de pessoas por problemas com planos de saúde é muito grande. “Alguns clientes acabam desistindo, e contratam outros planos, isso porque tive casos que perdemos em primeira instância, mas revertemos no Tribunal de Justiça. Aí o paciente fica inseguro, com medo e, para não ficar sem assistência, migra para outro. No caso da Margarete foi diferente, conseguimos restabelecer logo de cara, agora vamos novamente discutir os valores, porque não tem nenhuma justificativa, me parece que foi um reajuste aleatório, como fazendo pressão pra que ela saia do convênio”, completa a advogada.
Procurada a Unimed Nacional, não se pronunciou até o fechamento desta matéria que será atualizada assim que a operadora se manifestar.