
A tão famosa campanha com o personagem Zé Gotinha, para estimular pais a levarem seus filhos à imunização contra a poliomielite, ou paralisia infantil, como também é conhecida, vai mudar. As duas doses de reforço da vacina, uma aos 15 meses e outra aos quatro anos de idade, que eram dadas em gotas, serão substituídas por uma dose única e injetável. Embora o governo federal destaque a continuidade do personagem em campanhas de vacinação, o sucesso histórico da estratégia de vacinação e a erradicação da doença no país que não vê casos há 34 anos, depende de novos incentivos. No ABC o público alvo para a vacina compreende mais de 40 mil crianças.
Segundo o médico Rubens Wajnsztejn, neurologista da infância e adolescência e regente da disciplina de Neurologia Infantil da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) o governo deve incentivar novas campanhas não apenas para a imunização contra a poliomielite, mas para a atualização de toda a carteira de vacinação. “É preciso ter um incentivo maior e como vai ser esse incentivo é que é o ponto, a pedra no sapado dos infectologistas com os quais a gente conversa. A campanha com o Zé Gotinha é um sucesso há décadas e os pais se identificam, as famílias estão acostumadas. Então se troca a vacina tem que reforçar a campanha”, analisa.
Wajnsztejn considera que do ponto de vista neurológico, a nova vacina tem a mesma eficiência, o desafio é fazer as pessoas se vacinarem, já que, contrariando a ciência, os movimentos anti-vacina cresceram durante a pandemia da covid-19. “Eu acho complicada qualquer mudança, quando a estratégia está dando certo. É como o teste do pezinho, se dava alta, a chance de voltarem para fazer era pequena, quando se criou um protocolo para não saírem do hospital sem o teste resolveu, portanto essa questão da adesão é importante, se a mudança foi para tornar mais fácil a vacinação isso será bom, porque poucos países tem uma taxa tão boa de efetividade como foi comprovada no Brasil com a vacina em gotas”, comenta o médico.
No ABC 41.303 crianças são o público alvo em cinco das sete cidades da região, já que Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não detalharam seus números. Em geral as prefeituras dizem ter doses suficientes das vacinas da VIP (Vacina Inativada da Poliomielite), que é a versão injetável e que substitui desde esta segunda-feira (04/11) a VOPb (Vacina Oral Poliomielite Bivalente).
O maior público está em Mauá, cerca de 20 mil crianças se zero a quatro anos de idade, segundo a prefeitura. A prefeitura destaca que as crianças de quatro anos que já tomaram uma dose da VOP vão completar o esquema vacinal com uma dose da VIP. Quem tomou as duas doses de reforço em gotas não precisa tomar a injetável. A cidade vai atrás de quem está com a carteirinha de vacinação incompleta. “A vacina para as crianças que já tomaram a dose de VOP será realizada por busca ativa para a idade de 1 ano. As demais idades serão captadas por demanda espontânea ao entrarem na Unidade para a rotina de atendimentos”, diz o paço mauaense.
Diadema diz que a cobertura vacinal para a pólio é de 98,20% na cidade que tem 4.235 crianças como público alvo da vacina. “O município possui estoque suficiente de Vacina Inativada da Poliomielite (VIP) para atender as crianças do público alvo. A Secretaria de Saúde já conta com busca ativa, a ação está prevista nas orientações do Microplanejamento de Imunização, pactuado entre Vigilância em Saúde e Atenção Básica”, informa o município.
A Prefeitura de São Bernardo informou que recebeu estoque suficiente da dose injetável para atender o calendário vacinal das crianças irão receber o reforço com a vacina contra poliomielite inativada. A estimativa desta população no município é de 8 mil crianças e a cobertura para esta vacina é de 96% segundo diz nota da prefeitura.
A prefeitura de Ribeirão Pires não respondeu quantas são as crianças dentro da idade certa para receber a VIP, mas disse que cobertura atual é 89,30%. No município não será feito nada de especial para divulgar a nova vacina e a prefeitura aposta no trivial. “Será realizado a vacinação de rotina e divulgações por meio oficiais da prefeitura, além também das equipes de saúde que realizam contato para orientação”, informou o paço ribeirãopirense.
Santo André informa que também tem doses suficientes da VIP para vacinar 7.625 crianças. “A estratégia do Departamento do Programa Nacional de Imunizações, é que todas as crianças façam 1° reforço com VIP (Vacina contra poliomielite inativada), mesmo que já receberam 1° reforço com VOP (Vacina Oral contra Poliomielite)”, diz a prefeitura que espera a definicção de uma campanha nacional para incentivar a vacinação, enquanto isso não acontece segue com seu programa local que envolve as matrículas escolares. “Santo André segue com a operação matrícula, onde as crianças são encaminhadas para a unidade de Saúde, para atualização de Cartão Vacinal. As Unidades de saúde, seguindo o Programa Saúde na Escola, realizam ações nas escolas de seu território, onde avaliam o Cartão Vacinal das Crianças”, diz a prefeitura andreense que também faz busca ativa.
São Caetano também aguarda orientações sobre a campanha nacional contra a pólio. “A substituição é bem recente e ainda não recebemos instrução para o desenvolvimento de Campanha Nacional ou busca ativa”, informou a cidade que tem um público alvo de 1.443 crianças para a vacina.
Rio Grande da Serra, não respondeu.