Em novembro, Diadema promove programação que une literatura e conscientização sobre a causa negra, com eventos para todos os públicos, cujo objetivo é o de provocar reflexão e engajar os visitantes. A FLID (Feira Literária de Diadema), que ocorre de 8 a 11 de novembro (sexta a segunda-feira), e a 23ª edição do Kizomba, a Festa da Raça, que começou na segunda-feira (04/11) e vai até 1º de dezembro (domingo), trazem debates sobre a importância de combater o racismo por meio da cultura e do diálogo.
Em entrevista ao RDtv, Márcia Damasceno, coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Diadema, e Ruymar Marazo, coordenadora da Rede de Bibliotecas de Diadema, comentam sobre as festividades, a integração entre os eventos e a importância das atividades propostas. Elas também falam sobre o impacto que pretendem causar no público visitante por meio de exposições, palestras e rodas de conversa. Na FLID, a homenageada da terceira edição será Carolina Maria de Jesus, escritora e compositora brasileira, uma das maiores representantes da literatura negra no Brasil.
Desde 2022, a FLID passou a ser anual em Diadema homenageou grandes nomes da literatura do Brasil. Geralmente, a feira acontece em outubro, porém, devido às eleições municipais deste ano, ocorre em novembro, que por coincidência tem no dia 20 o Dia Nacional da Consciência Negra.
“Será uma grande alegria celebrar ambas as festas. Como o acaso nos levou até novembro, aproveitamos para homenagear uma das maiores escritores do nosso país, a Carolina Maria de Jesus, uma mulher mulher preta, favelada e pobre, que chegou longe, junto com a Kizomba, para ressaltar ainda mais a causa do combate ao racismo e promover a conscientização”, comenta Ruymar.
A Kizomba deste ano tem como tema “Kizomba, Sabedoria Ancestral”, e, por meio de ações culturais, encontros, rodas de conversa e debates, proporciona uma troca de experiências, vivências e conhecimentos sobre a cultura afro, além de valorizar a sabedoria dos mais velhos. Márcia Damasceno comenta que o evento ocorre no município desde 2001, destacando que não se trata apenas de uma celebração, mas de uma oportunidade para debater a riqueza da cultura negra, fortalecer a autoestima dos membros da comunidade e discutir políticas públicas voltadas para negros e negras.
Além de participar da FLID, a Kizomba promove ações em toda a cidade, inclusive chama a atenção para atividade nas UBSs (Unidades Básicas de Atendimeto) de Diadema. “A ideia é ir além dos centro culturais, levando conhecimento para pessoas em vários lugares de Diadema. Nas UBSs, vamos realizar rodas de conversa com funcionários e pacientes que ali estiverem sobre o preconceito que existe nesse tipo de lugar, principalmente com a mulher negra, que mesmo correspondendo a maioria da população do município, ainda é mais prejudicada”, comenta Márcia. Além da atividade, a Kizomba promove ainda dinâmicas sobre a cultura negra, palestras, rodas de samba e sessões de acolhimentos em diversos espaços.
Outro ponto que será destaque na festa envolve o Fórum Regional de Igualdade, promovido pelo GT (Grupo de Trabalho) do Consórcio Intermunicipal do ABC. Devido ao ano eleitoral, algumas ações do órgão foram paralisadas, mas segundo Márcia, discutir pautas relevantes que envolvam lideranças negras da região já o primeiro passo para debater sobre o assunto.
“Não tenho dúvida que a FLID será uma feira maravilhosa, que unirá pessoas de várias regiões e com gostos em comum. Fico feliz de ver como jovens estão cada vez mais interessados pela literatura, assim como vimos na Bienal do Livro, e com o nosso evento, com uma homenageada com a Carolina, levamos a conscientização à outro nível e alcançamos ainda mais pessoas com obras literárias”, comenta Ruymar.