
Celebrado em 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes tem como objetivo conscientizar a população sobre a prevenção, diagnóstico e controle da doença. A campanha, criada em 1991, pela Federação Internacional de Diabetes (IDF,) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já alertava, na época, para números preocupantes. Pesquisa publicada pelo Vigitel Brasil revelou que, ano passado, 10,2% da população brasileira adulta tinha diabetes, e em 2021 o índice era de 9,1%. E a alimentação tem papel importante nisso.
A doença se manifesta de duas formas principais, o que, às vezes, ainda gera certa confusão. O diabetes tipo 1 ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. É geralmente diagnosticado em crianças e jovens adultos.
O diabetes tipo 2 resulta da resistência à insulina e uma deficiência relativa de insulina. Está associada a fatores de risco como obesidade, sedentarismo e alimentação inadequada, sendo mais comum em adultos.
Durval Ribas Filho, médico nutrólogo, fellow da The Obesity Society (USA) e presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia), afirma que o diabetes pode levar a várias condições graves, especialmente se não for adequadamente controlado, e a alimentação tem um papel central.
“Manter uma dieta saudável é uma das principais estratégias para regular os níveis de glicose no sangue e evitar complicações, para quem já foi diagnosticado aqueles que estão em risco de desenvolver a doença”, explica ao esclarecer as principais dúvidas sobre a doença e o que pode ou não ser consumido.
A alimentação influencia o desenvolvimento do diabetes tipo 2?
O diabetes tipo 2 está, intrinsecamente, ligado ao estilo de vida e a alimentação é um dos principais fatores. O consumo excessivo de produtos ricos em açúcar, gorduras saturadas e carboidratos refinados, como pães e doces, pode levar ao ganho de peso e à resistência à insulina, dois dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
Quais alimentos devem ser evitados para quem tem diabetes?
Especialmente os alimentos ricos em açúcares simples, como refrigerantes, doces e bolos. É importante limitar o consumo de alimentos processados, ricos em gorduras saturadas e trans, que podem agravar a resistência à insulina. É essencial a inclusão de mais vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis nas refeições.
É preciso cortar completamente os carboidratos da alimentação?
Os carboidratos são importantes para fornecer energia ao corpo, portanto a qualidade e quantidade devem ser monitoradas. O ideal é sempre escolher os carboidratos complexos, como os encontrados na batata doce ou na aveia e quinoa, por exemplo, que são digeridos mais lentamente e evitam picos de glicose.
Por que o controle do índice glicêmico é importante para quem tem diabetes?
O Índice Glicêmico (IG) mede a velocidade com que um alimento eleva a glicose no sangue. Portanto, alimentos com alto IG, como pão com farinha branca e refrigerantes, aumentam rapidamente os níveis de glicose. Já os alimentos com baixo Índice Glicêmico, como lentilhas, têm um impacto mais gradual. É essencial que os pacientes diabéticos controlem o IG para evitar picos de glicose.
O controle de peso ajuda nos cuidados com o diabetes?
Além da adoção de uma dieta balanceada, o controle do peso é importante, pois a perda de gordura, mesmo uma pequena quantidade (5-7% do peso corporal), pode reduzir significativamente o risco de diabetes tipo 2.
É possível se prevenir?
Fatores comportamentais têm importante papel no surgimento do diabetes. O crescimento dos casos do tipo 2, apontado em inúmeras pesquisas, se deve ao estilo de vida pouco saudável da população, como o sedentarismo e a má alimentação. Por isso, a prevenção envolve uma combinação de mudanças, que podem reduzir significativamente o risco. Nesta lista ainda se inclui a prática de atividades físicas, pelo menos 150 minutos por semana; e o consumo limitado de álcool e não fumar, pois o tabagismo aumenta o risco da doença e suas complicações cardiovasculares.
“É essencial buscar apoio profissional para uma dieta adequada e se manter atento e informado sobre os fatores de risco e os sintomas do diabetes”, alerta Ribas Filho.