
De acordo com as prefeituras da região, as filas para a realização de mamografia, principal exame para detecção do câncer de mama, diminuíram, mas em quatro cidades ainda há fila e a espera pelo procedimento pode levar de dois a quatro meses nestes municípios. Um programa do Estado, a Carreta da Mamografia, não passa nestes municípios com filas, em alguns casos, há vários anos.
Diadema é onde a espera, segundo o divulgado pela Prefeitura, é maior; em média quatro meses. A cidade tem uma fila que hoje está com 1.978 mulheres. A cidade conta com um mamógrafo para estes exames. Segundo a administração municipal nos casos de urgência a paciente poderá realizar o exame em até 15 dias.
Uma ferramenta que poderia ajudar o município na redução das filas é a Carreta da Mamografia, um programa do governo paulista que leva às cidades estrutura para o procedimento embarcada em carretas. A última vez que o programa passou por Diadema foi em 2019 e, segundo a Secretaria de Saúde do município, naquela ocasião foram 842 exames realizados. “Atualmente, a Secretaria Municipal da Saúde está em tratativas junto à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e aguarda somente a confirmação de datas, com previsão para março deste ano”, diz a administração sobre o programa estadual. O município também informa que, dentro da força tarefa na saúde, no Dia Internacional da Mulher (8 de março) serão ofertados exames de mamografia e ultrassom de mamas durante essa ação.
São Caetano tem mais mulheres na fila, 2.673, porém o tempo médio de espera é de três meses. A prefeitura diz que, de acordo com a classificação de risco, casos urgentes são atendidos mais rapidamente. A prefeitura informou que a última vez que a Carreta da Mamografia passou por lá foi há oito anos e a prefeitura não foi informada sobre quantos exames foram feitos na época.
Em Rio Grande da Serra 90 mulheres aguardam a vez para fazerem a mamografia e a espera gira em torno de dois meses e meio, segundo a prefeitura. A cidade encaminha pacientes para hospitais de referência no Estado através da Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde). O município informou que a Carreta do programa estadual passou pela cidade na última vez em 2017 e que não tem previsão de nova data.
A Prefeitura de Santo André não diz quantas mulheres estão na fila, mas admite uma espera de dois meses para o exame, mesmo o município tendo mais de um mamógrafo, além de poder recorrer ao Cross. “A fila de exames de mamografia é dinâmica com alterações diárias das quantidades em função dos atendimentos e de novos casos que se apresentam. Nesta data o tempo de espera está estimado para atendimento daqueles que já se encontram no aguardo de até dois meses”, diz nota da administração que diz não receber uma visita da Carreta da Mamografia há muito tempo.
A Secretaria de Estadual da Saúde, procurada pelo RD, não informou se há programação da Carreta da Mamografia para o ABC. “As Carretas da Mamografia fazem parte do Programa Mulheres de Peito e auxiliam na prevenção do câncer de mama. Entre janeiro e dezembro de 2024, foram realizadas mais de 34 mil mamografias pelas carretas em 66 municípios atendidos no Estado de São Paulo. Mulheres com idade entre 50 e 69 anos são atendidas apenas com a apresentação do RG e cartão SUS. Pacientes entre 35 e 49 anos e acima de 70 anos devem apresentar, também, o pedido médico”, diz informe da pasta.
Zeradas
O ABC tem duas realidades quanto aos exames de mamografia; se Diadema, São Caetano, Rio Grande da Serra e Santo André registram filas e espera acima de dois meses, na outra ponta estão Ribeirão Pires, Mauá e São Bernardo, onde não há filas e os exames são realizados em menos de um mês.
São Bernardo tem sua própria carreta que percorre os bairros com oferta de exames. Só esse ano esse programa municipal realizou 1.203 mamografias. Entre 21 de janeiro e 1° de fevereiro a carreta do programa estadual também esteve na cidade e, segundo a Prefeitura fez 469 procedimentos.
A Prefeitura de Ribeirão Pires informou a cidade conta com fila de mamografia zerada desde 2022. A cidade conta com exames gratuitos no Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), com agendamento que deve ser realizado por meio da Atenção Primária, nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e USF (Unidade de Saúde da Família).
Mais ou menos na mesma época de Ribeirão, a Prefeitura de Mauá conseguiu zerar a fila para exames de mamografia. “Desde julho de 2022, em Mauá, toda mulher que passa por atendimento na UBS, e recebe a solicitação para realizar a mamografia, já deixa o local com a guia onde estão anotados o dia e a hora marcada. Ou seja, a cidade não tem fila de espera para o exame. Isso foi possível, a partir do trabalho iniciado em dezembro de 2021, quando a prefeitura atuou para zerar a demanda reprimida que era estimada em mais de 6 mil mulheres. Atualmente, os agendamentos realizados pelo sistema da secretaria municipal de Saúde, são para o próximo dia 5 de março”, sustenta o paço mauaense.
Mamografia é exame “padrão ouro” na prevenção do câncer
Para a médica Elizabeth Jehá Nasser, professora de ginecologia do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) não há outro exame para detecção do câncer de mama tão bom quanto a mamografia. Apesar de outros exames podem ser solicitados como complementares, a mamografia é “padrão ouro”, diz ela. “A mamografia é o principal e mais importante dos exames. Em caso de mamas densas, pode-se lançar mão de ultrassonografia das mamas e em casos de pacientes de alto risco, a ressonância nuclear magnética das mamas pode ser solicitada”.
Ao comentar a redução nas filas, a médica diz que isso contribui para a agilidade no tratamento o que é um ganho para as pacientes pois aumenta as chances de cura. “Certamente a agilidade na realização de mamografias permite que o diagnóstico se faça de forma precoce e que as chances de cura ocorram e sejam maiores. Esta possibilidade de maior rapidez na realização dos exames foi um grande ganho para as pacientes”.
Elizabeth diz que é difícil avaliar o quanto a demora pode influenciar no agravamento ou não de uma eventual doença já instalada. “Precisar o tempo se torna uma resposta complexa. Devemos ter em mente que a mamografia, na melhor das condições, é um exame que deve ser feito de rotina em mulheres acima dos 40 anos e anualmente. Quando existe a suspeita, essa pode ter ocorrido pela palpação de um nódulo e quando o nódulo é palpável ele já pode ter atingido um tamanho grande. Sobre a demora não se pode generalizar, pois existem tipos de tumores de progressão mais rápida ou mais lenta, porém, como disse anteriormente, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura”, diz.
Secretaria de Saúde do Estado
Em nova nota enviada neste dia 24 de fevereiro, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a partir deste mês conta com mais duas novas carretas, total de cinco unidades em circulação para ampliar a cobertura do serviço. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com a distribuição de até 50 senhas por dia. Aos sábados, o atendimento ocorre das 8h às 12h, com oferta de até 25 senhas, exceto em feriados. O atendimento é feito por demanda espontânea e por ordem de chegada. Caso seja identificada qualquer alteração no exame, a paciente é encaminhada a um serviço de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização de exames complementares ou tratamento.
No ABC, a carreta da mamografia esteve em São Bernardo, entre 21 de janeiro e 1º de fevereiro deste ano, período em que foram realizados cerca de 500 exames.
Para que um município receba a unidade móvel, a administração municipal deve encaminhar um ofício e manifestar interesse ao Departamento Regional de Saúde (DRS) da região. O itinerário das carretas pode ser acessado por meio do site e aplicativo do Poupatempo, disponível para Android e iOS, e também pelo site: www.portaldamulherpaulista.sp.